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Manteigas veio à Guarda protestar contra obras na ER 338

Autarquia vai avançar com duas providências cautelares para parar os trabalhos e conseguir o alargamento da via até aos Piornos

Para dar «mais visibilidade, mais repercussão» ao protesto, cerca de 150 populares e autarcas de Manteigas manifestaram-se na Guarda, na passada segunda-feira, contra o corte do trânsito e as obras na ER 338, que liga a vila serrana aos Piornos, na Serra da Estrela.

A ação organizada pela autodenominada comissão de munícipes indignados de Manteigas decorreu semana e meia após uma primeira manifestação naquela via, que está a ser requalificada pela Infraestruturas de Portugal (IP), ex-Estradas de Portugal. Desta vez, os protestos ecoaram entre o Largo da Misericórdia e a Praça Velha, rumando depois os manifestantes para o largo da estação de caminhos-de-ferro, onde se situa a sede da direção distrital da empresa. Tudo ao som de uma marcha fúnebre tocada por elementos da banda filarmónica “Música Nova”, enquanto os populares se vestiram de negro e exibiram faixas pretas para mostrar «o luto» causado pela intervenção na ER 338, iniciada a 27 de maio. Na Estação, Luís Melo, porta-voz do movimento, entregou uma carta aberta dirigida ao presidente do Conselho de Administração da IP, onde se pede «uma solução para o problema».

O responsável adiantou que o que se pretende é «o alargamento, que é aquilo que em primeiro lugar desejamos e que nos foi prometido e que deveria ser feito, ou, em última análise, se isso não for possível, uma solução alternativa com uma via ascendente e outra com uma via descendente» enquanto decorrem as obras. Luís Melo revelou que a autarquia já trabalhou nesse sentido e adaptou uma estrada florestal para o efeito a partir do Poço do Inferno, que «ficará transitável na terça-feira [anteontem]». Já na carta aberta, a que O INTERIOR teve acesso, os manteiguenses lavraram o seu protesto e exigem à IP «uma estrada condigna e com perfil que permita uma fluidez de trânsito de pesados e ligeiros sem constrangimentos e com todas as condições de segurança». Caso isso não aconteça, o movimento pondera manifestar-se à porta da Assembleia da República.

«O povo está completamente unido, esperemos que não seja preciso ir a Lisboa, mas se tiver que ser lá iremos», avisou o porta-voz do movimento, para quem a IP «devia parar a obra porque é um erro». Luís Melo adiantou que «o impacto negativo das obras já se nota no comércio, nas termas e nos pequenos hoteleiros», sublinhando que «não é possível manter esta estrada fechada durante quatro meses». Presente no protesto, o vice-presidente da autarquia anunciou que uma providência cautelar para travar as obras deu entrada na passada sexta-feira no Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco. José Cardoso revelou que o município está a ultimar uma segunda ação com o argumento de que, segundo as regras do IMTT, «é obrigatório que as estradas tenham seis metros de largura. Ora, a ER 338 vai ter cinco metros mais valetas». Conforme O INTERIOR noticiou na última edição, a IP já veio dizer que o alargamento da plataforma da ER 338 é «ambientalmente inadequado e financeiramente insustentável» por ser uma via de montanha que se desenvolve ao longo do Vale Glaciar.

Luis Martins Manifestação teve como banda sonora uma marcha fúnebre interpretada por elementos da “Música Nova”

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