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Mais um «impulso» para obra com quase meio século

Governo anunciou cerca de 50 milhões de euros para construção dos blocos de Belmonte e Caria, do terceiro troço do canal condutor geral e do canal da Capinha

Quarenta e seis anos após terem sido efectuados os primeiros estudos, o Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira teve no último sábado mais um novo «impulso», com o anúncio de 49,8 milhões de euros para a adjudicação da construção dos blocos de Belmonte e Caria, do terceiro troço do canal condutor geral e do canal de Capinha.

As obras foram anunciadas por José Sócrates na praia fluvial da Meimoa, em Penamacor, para quem o regadio estará concluído até 2009. Actualmente, apenas está em exploração o Bloco da Meimoa, que beneficia uma área regável de 3.400 hectares. «O regadio entrou agora numa fase decisiva e irreversível», considerou Mattamouros Resende, presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica (IDRHa), que explicou em pormenor os trabalhos a desenvolver nos próximos dois anos. A empreitada do segundo bloco (Caria-Belmonte) irá arrancar «em breve» para estar concluída em Dezembro de 2006, sendo que compreende ainda a construção das redes de drenagem, com uma extensão total de cerca de 16 quilómetros, e de redes viárias de 35,3 quilómetros. O investimento ascende a 36,6 milhões de euros e irá beneficiar uma área regável de 3.600 hectares. Ainda este ano, o Governo vai lançar o terceiro troço do canal condutor geral (28 quilómetros de extensão e um custo de 30 milhões de euros) e o canal de Capinha (3,2 quilómetros), duas infraestrutras que permitirão a conclusão do canal condutor geral do Regadio da Cova da Beira, com mais de 50 quilómetros de extensão.

“Auto-estrada da água”

«É uma verdadeira auto-estrada da água da Beira Interior», sublinhou Mattamouros Resende, apontando a sua ligação desde a Barragem da Meimoa até à da Capinha. Será também este terceiro troço do canal condutor, com conclusão prevista para Dezembro de 2006, que irá abastecer o terceiro bloco do Regadio (Covilhã-Fundão), o maior de todos. Tem uma área de 5.662 hectares, mas nessa data só estarão prontos o projecto das redes de rega, caminhos e enxugos. Entretanto, o bloco mais pequeno, o do Sabugal (130 hectares), já se encontra em construção, pelo que deverá estar concluído em Novembro do próximo ano. Também a barragem da Meimoa, concluída em 1985, irá ser reforçada com a água da albufeira do Sabugal através de um circuito hidráulico em túnel. A obra, com uma extensão de 4,2 quilómetros e um custo de 17 milhões de euros, deverá estar concluída «em Maio próximo», salienta o responsável pelo IDRHa, visto estar numa fase «muito adiantada» de construção. Por concluir, ficará apenas a minihídrica do Meimão, com uma potência de 10 Mgw e um custo de 5,8 milhões. O seu término apenas está previsto para finais de 2006 ou início de 2007.

A totalidade do investimento do regadio ascende a cerca de 122 milhões de euros previstos no actual QCA, ou seja, a cerca de «70 por cento da verba atribuída a todo o regadio público nacional», destacou o primeiro-ministro, para realçar a importância desta obra. Quando estiver concluído, o Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira irá beneficiar uma área de 14.400 hectares, 5.800 explorações agrícolas e 17 mil prédios rústicos. Além disso, produzirá energia eléctrica e abastecerá de água os concelhos de Belmonte, Sabugal, Almeida, Pinhel, Penamacor e Fundão.

Domingos Torrão quer alargamento do regadio ao Sul do concelho

Durante a cerimónia de apresentação das obras, o autarca penamacorense Domingos Torrão aproveitou para pedir ao Governo a extensão do regadio ao Sul do concelho. Na sua perspectiva, é necessário fazer um estudo prévio sobre essa possibilidade, até porque «é nessa zona que se encontra a maioria das pecuárias e a estrutura fundiária é mais alargada», salientou. O autarca reclamou então «mais celeridade» no estudo de viabilidade técnica. Hipótese que o ministro da Agricultura, Jaime Silva, coloca, para já, de parte, pois seria «extremamente caro» fazer esse investimento nesta altura. «Implicava ter que voltar a subir a água», referiu, salientando que a prioridade é actualmente «terminar o que está em projecto». No entanto, o governante admite «estudar soluções alternativas» para que beneficiar essa zona do concelho.

Liliana Correia

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