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Mais um episódio da político-novela ULS da Guarda

Hic et Nunc

Olhando para este (des)governo pseudoliberal, sem qualquer consistência ideológica, saltam-nos à vista atores deveras interessantes: uma raposa velha, dois chico-espertos, uma cambada de seguidistas, existindo, apenas e tão só, a célebre exceção à regra. Nem mais nem menos que Paulo Macedo. Sim, esse tal que tem um projeto para o complexo processo da saúde em Portugal.

No nosso interior profundo, Macedo, conhecedor de toda a situação, que nasceu torta e nunca se endireitou, graças ao providencial pontapé inicial do cavaquismo, resolveu, tendo por base estudos anteriormente efetuados, onde esteve permanentemente presente régua, esquadro e, pasme-se o mapa da Michelin e até a presença de um “técnico” natural das bandas covilhanenses, solicitar aos 3 hospitais (Guarda, Covilhã e Castelo Branco) que estabelecessem diálogo e chegassem a um entendimento com vista à redução de custos. Dito desta forma até parece de fácil resolução, chegando facilmente à conclusão que estas 3 unidades, terão, mais dia menos dia, de se entender, seguindo o princípio “pé de igualdade”. Mas, há sempre um mas… (em linguagem popular, “gato escondido com rabo de fora”). Assim, este pseudo-entendimento, pedido por Macedo, revelou-se difícil e, ao que parece, envolve processos complexos, onde os ganhos para a Guarda e o seu distrito não são praticamente nenhuns, podendo mesmo alguns serviços seguirem, de armas e bagagens, para o Hospital da Cova da Beira.

Com a instalação da Faculdade de Ciências Médicas é perfeitamente percetível a vontade de Macedo centralizar o máximo de serviços e especialidades na Covilhã. Quanto a isso não restam quaisquer género de dúvidas. Claro, tão claro como água.

Com a mais que provável saída de Ana Manso de presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde da Guarda, sabe-se agora que Paulo Macedo convidou Vasco Lino, diretor executivo do ACES da Covilhã, para dirigir os destinos da ULS/Guarda, EPE.

A partir de agora está tudo dito, não está? Qual a efetiva missão do novel presidente do Conselho de Administração da ULS/Guarda, EPE? Manter todas as direções de serviços? Acrescentar mais-valias ao nosso Hospital ou vem realizar uma missão política com vista a levar a maternidade e umas tantas especialidades, ficando a Guarda equiparada a um qualquer Centro de Saúde, tipo sucursal da Covilhã, contando apenas com a presença de meia dúzia de especialistas? É isso? Dir-me-ão que não. Que não é nada disso. Que estou completamente enganado. A propósito, e já que no inicio desta crónica falei de gatos; pois bem, agora, não é com o rabo de fora, mas temos obrigatoriamente de seguir o principio do gato escaldado de água fria tem medo e, há mais uma coisa, ingénuo é que não sou. Sejamos claros e objetivos. Não havia ninguém capaz, neste universo de 12 concelhos, que é a área de intervenção da ULS, para presidir a esta instituição? No velho anúncio, a preto e branco, dos anos 70, na televisão do regime, poderia ver-se e ouvir-se: Palavras para quê? É um artista português e só usa pasta medicinal… Agora não será couto, mas com (quase) toda a certeza pasta da Covilhã…

E as perguntas são obviamente inevitáveis: Macedo ouviu os políticos da Guarda? Se os ouviu, o que fizeram? Denunciaram a situação ou ficaram calados como ratos? Foram ou não ignorados e o processo passou-lhes ao lado? O facto é que o senhor ministro levou a sua avante, passando assim um atestado de menoridade a todos os atores “políticos” desta terra? E aqui não se trata de mais um Cardote, Seguro, Frasquilho ou Paulo Campos, verdadeiros paraquedistas que aqui vieram apenas para arrebanhar votos e serem eleitos. Nada disso. Esta é uma situação perfeitamente entendível que só a falta de competência e ousadia política consegue explicar.

Depois disto, sinceramente não consigo encontrar a palavra certa para definir tanta falta de protagonismo/intervenção e, sem qualquer sentimento de bairrismo ou chauvinismo, de que eventualmente possa ser acusado, deixo alguns conselhos aos estados “maiores” dos partidos e a todos aqueles que deveriam defender a nossa terra e as suas gentes (foram eleitos para isso):

Emigrem, embrulhem-se nesta folha de jornal e suicidem-se, ou então, a partir de agora, enfiem a cabeça no solo e passem a viver como toupeiras. A todos, sem exceção, resta dizer: não vos chega arredondarem a pança à custa do orçamento, sem pouco ou mesmo nada fazerem. Haja Deus. Haja vergonha. O distrito da Guarda merece ser representado por gente responsável e a quem o poder reconheça credibilidade. Necessita urgentemente de outra mentalidade. De outros e novos políticos… E quanto a nós humildes cidadãos desta terra, já que não temos dirigentes à altura deveremos lutar, com força e determinação, exercendo todos os direitos de cidadania que a Constituição (por enquanto) nós dá…

Por: Albino Bárbara

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