Arquivo

Mais um ano de retrocesso

Crónica Política

O executivo municipal da Guarda e os restantes órgãos autárquicos terminam este mês o primeiro aniversário do exercício das respectivas funções. Tal como sucede com qualquer empresa ou organização um ano de mandato ou actividade deverá ser motivo para fazer balanço e prestar contas.

Este ano depara-se-nos como um ano especialmente negativo, diria mesmo, negro, sob o ponto de vista económico e social para a Guarda, onde assistimos ao anúncio de encerramento de unidades produtivas e empregadoras sem que se vislumbrem apostas alternativas à inevitabilidade da economia global.

Associado a estes factores, assistimos a uma total inércia e inabilidade dos gestores autárquicos e dos responsáveis pelo governo concelhio. Ao fim deste ano constata-se a inversão de tudo o que foi propagandeado, como programa:

– O prometido saneamento financeiro da autarquia deu lugar ao aumento do endividamento e ao agravamento do incumprimento perante credores e fornecedores.

– A prometida reorganização de serviços deu lugar ao aumento das despesas com o “monstro”, correndo o risco do esforço financeiro da autarquia se esgotar com as despesas da organização e da dívida.

A gestão desta autarquia é feita bem à imagem da gestão socrática do país, onde só aumenta a despesa, não aumenta a produção nem o investimento e tudo é tratado e gerido para a propaganda e para a imagem (notoriamente, a escola é a mesma!).

Citando o Jornal “A Guarda”, de 15/09/2005, na apresentação do programa eleitoral da candidatura socialista ao executivo, é possível ler o seguinte:

«A Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial; a requalificação da linha da Beira Baixa até à Guarda; a criação de incentivos à fixação de empresas no concelho; o incentivo à criação de pequenas empresas ligadas ao artesanato e à valorização dos produtos locais e regionais; fazer intervenções no Mercado Municipal e na zona da feira; incentivar a criação de um aeródromo regional; defender a requalificação da rede viária em termos regionais; concluir a execução da rede viária entre as freguesias do concelho e as dos concelhos limítrofes; ligar a A23 ao maciço central da Serra da Estrela, a partir do nó da Benespera, através da Vela, Gonçalo e Valhelhas; criar o Conselho Municipal para o desenvolvimento, investimento e qualificação de recursos, são alguns dos desafios que Joaquim Valente se propõe concretizar, no âmbito da economia e do crescimento».

«No campo do urbanismo merece destaque o ponto que diz respeito à conclusão da revisão do PDM, de forma a que sejam alargados os perímetros urbanos dos aglomerados».

A citação, repete-se, é do programa da candidatura de 2005

E em 2009, afirma:

«“O projecto político com o qual nos apresentámos em 2005, e que mereceu o voto maioritário do eleitorado, era, e é, para executar num ciclo de dois mandatos autárquicos”, disse Joaquim Valente»

E, em 2009, lá se repetiram os objectivos chamados estratégicos de 2005. Passado um ano, tais realizações, apesar de estratégicas e âncoras para a Guarda, não passam dos discursos da propaganda e a sua falta de concretização ditam sucessivamente o definhar económico da Guarda, apesar sua excelente posição geoestratégica.

Tal como referi, em artigo anterior neste jornal, é consabido que a gestão de uma empresa ou instituição deve ter uma estratégia planeada e definida e aos órgãos executivos exige-se capacidade para agir na concretização dos objectivos e projectos definidos.

Os executivos municipais a quem, nas últimas décadas, na Guarda, foi confiado o poder/dever de executar a estratégia planificada têm demonstrado inoperância e incapacidade de gerir uma cidade e um concelho de forma estruturante. É tempo de as linhas estratégicas para a Guarda deixarem de apenas servir de motes propagandísticos sem serem implementadas, por falta de trabalho, engenho, arte e, acima de tudo, convicção e tenacidade.

Por: Manuel Rodrigues *

* presidente da concelhia da Guarda do PSD

Sobre o autor

Leave a Reply