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Mais produtos kosher na região

Empresa “Penazeites” de Penamacor vai produzir azeite judaico

Depois da produção do vinho, segue-se o azeite, o novo produto kosher confeccionado em Portugal segundo os preceitos judaicos. Este é o novo desafio que a comunidade judaica de Belmonte e a Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE) estão a abraçar para colocar o novo produto nos mercados de Portugal, Israel e Estados Unidos.

O azeite será produzido pela empresa penamacorense “Penazeites – Azeites Tradicionais” e deverá estar no mercado em «finais de Outubro ou princípios de Novembro», adiantou a “O Interior” o rabino de Belmonte Elisha Salas. Um produto que, na sua opinião, «será muito bem recebido» não só na Península Ibérica mas em Israel e nos Estados Unidos da América por serem «grandes consumidores de azeite proveniente da oliveira», para além de serem judeus com origem na Península Ibérica. Recorde-se que os primeiros judeus a chegarem à América em 1645 eram de origem portuguesa. As dúvidas dissipam-se ainda pelo facto do néctar judaico “Terras de Belmonte” produzido pela Adega Cooperativa da Covilhã estar a «ser bem recebido» pelas comunidades daqueles dois países, assegura o rabino.

O processo para a produção do azeite kosher é em quase tudo semelhante ao do vinho, se bem que «menos complicado», diz Elisha Salas, por ser «menos sensível». Assim, todo o material a usar na feitura do azeite terá que passar por rigorosos processos de higiene e pelos preceitos religiosos inscritos no livro sagrado do Judaísmo, a Tora, para além de ter que ser acompanhado por um judeu ortodoxo «24 horas por dia» durante «uma semana intensa de trabalho».

Para Elisha Salas este é «um passo muito importante para a comunidade judaica de Belmonte e para os judeus de Portugal», onde «não houve qualquer actividade judaica empresarial durante 500 anos». Daí que acredita que esta será uma «porta e um começo» para construir «um centro judaico em Portugal» capaz de produzir não só os produtos kosher mas «promover a cultura, a religião e os costumes» deste povo. A ideia é abrir as portas da comunidade judaica a toda a população com a criação aulas de hebraísmo e das tradições judaicas.

Para além da ligação entre as comunidades e da instauração de «um acto de justiça», Jorge Patrão, presidente da RTSE, considera que este novo produto kosher poderá servir, a par do vinho, de cartaz promocional da região reforçando uma rota turística cultural e histórica que existe à volta do judaísmo e que este ano terá muito mais relevo com a conclusão do Museu Judaico de Belmonte. Por agora, a RTSE está à procura dos «melhores pontas de lança» para promoverem e comercializarem o azeite em Israel e nos EUA, aliando-se ainda à «experiência da “Penazeites” na exportação do azeite», que já existem relações comerciais com países como Brasil, França e Dinamarca.

Novos produtos em perspectiva

Chocolate e queijo deverão ser os próximos produtos Kosher a serem produzidos na região. Apesar de existirem apenas «conversações», a verdade é que há duas empresas interessadas em se aliarem à confecção dos produtos destinados aos judeus. Pelo que “O Interior” pôde apurar, trata-se da fábrica de chocolates “Imperial” e de uma empresa do distrito da Guarda com tradição na queijaria. O objectivo da RTSE é que estes produtos venham a ser produzidos na própria região de forma a «aumentar ainda mais a imagem turística e cultural da Serra da Estrela» e tornar a rota das antigas judiarias «ainda mais credível», que para além de Belmonte – onde estão concentrados a maior parte dos judeus da região – se estende ainda à Covilhã, Guarda, Fundão, Pinhel, Gouveia, Linhares da Beira, Trancoso, Celorico da Beira e Penamacor.

Liliana Correia

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