Arquivo

Mais e muito mais

Ao visitar a FEIRA NACIONAL DE ARTESANATO, recentemente inaugurada na cidade de Vila do Conde, foi com agrado que vi na revista do certame a indicação de expositores cá das nossas beiras.

A composição desta revista não fica atrás de qualquer outra em certames internacionais.

Iniciei a visita pelos seguintes espaços expositores:

Covilhã: Apenas com uma simpatiquíssima senhora conhecida por D. Celeste, tendo uma modéstia no falar e no seu todo aspecto que encanta qualquer visitante. Dando espectáculo ao rodopiar o fuso como se estivesse a dedilhar com mestria um instrumento musical de cordas. Quando sentada ao seu bem conservado tear, fazia-o vibrar como se fosse um piano. Toda a sua área de exposição foi coberta pelo seu trabalho na lã serrana. Que a Câmara da Covilhã proteja este tesouro tão simples e natural.

Castelo Branco: e os seus bordados, está tudo dito. Nada é necessário acrescentar, sempre belos.

Seia: Com os seus habituais e apetitosos queijos e enchidos das bandas do Sabugueiro cuja venda está entregue a um conjunto de gente jovem com dinamismo e sentido comercial de enaltecer, ou seja: como não é fácil todos os visitantes ou alguns comprarem presuntos e queijos estes jovens comerciantes resolveram fatiar o presunto e o queijo e vendem-nos em esplêndidas sandes com aspecto final de encantar em ver o pão aberto e despontar do seu interior, abas de presunto ou queijo. As sandes são apresentadas higienicamente em açafates de verga com uma leve inclinação para uma melhor visibilidade em cima do balcão da sua área expositora. Dava gosto ver os clientes a formar fila para comprar as aparatosas e deliciosas sandes. E ainda mais, serviam-nas com luvas de borracha, tipo hospitalar o que não me recordo é se recebiam o pagamento com a mesma mão. Só por esta vontade de querer vender, Seia está de parabéns.

Guarda: A exposição devia ser encarada com muito cuidado principalmente longe da sua área serrana. Têm que ter bom gosto e personalidade, mesmo na amostragem de produto com um aspecto modesto e rude. O estar de corpo presente nestes certames é muito difícil, por isso tem de haver pessoal de reserva para irem alternando para evitar o cansaço, saturação e sacrifício, pois são aproximadamente oito horas diárias de exposição, como se fosse numa jaula sem grades a ser observados pelos passantes.

Apresentarem-se com um vestuário simples mas elegante e indicativo da região, terem um sorriso e alegria no atendimento solicitado ou um diálogo provocado. Nunca porém dizeres ou anúncios em zonas em que as pernas dos visitantes tapam por completo a visibilidade. Usar frases simples e compreensivas para todos. Nunca usar etiquetas ou do tamanho ou maiores do que o produto. Porque não usar um estojo de amostragem de facas? Nas campainhas porque não apresentá-las num suporte como se fosse um carrilhão, até podiam fazer um conjunto decorativo num lar. Se todos nós serranos vivemos à sombra da Serra da Estrela, porque não nos unimos numa só região nestes certames. Haveria mais beleza e entreajudas. Para isso é necessário fazer mais e muito mais.

PS- Porque razão as nossas Cidades representadas neste certame não entraram em competição com os seus ranchos folclóricos?

António Nascimento, Guarda

Sobre o autor

Leave a Reply