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Mais de 300 professores com “horário zero”

Sindicato fala em 218 docentes sem serviços letivos e 123 com contrato não renovado, mas os dados do distrito da Guarda são provisórios e não incluem todas as escolas

Segundo dados da Federação Nacional de Professores (FENPROF) referentes a horários eliminados pelas medidas do Ministério da Educação, há 218 professores no distrito da Guarda com “horário zero”, isto é sem horas letivas, distribuídos por dez agrupamentos (ver quadro). Contudo, Sofia Monteiro, da direção distrital da Guarda do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC), salienta que estes números «são provisórios e não incluem todas as escolas», pelo que o número de docentes nesta situação «pode ultrapassar as três centenas».

Nos últimos dados disponíveis, salta à vista o caso do concelho de Seia, onde existem 70 professores em situação de “horário zero”, 48 no Agrupamento de Escolas de Seia (que inclui a Secundária de Seia e as EB 2,3 de Arrifana e Tourais/Paranhos) e 22 no Agrupamento Guilherme Correia de Carvalho (que engloba as EB 2,3 de Seia e Loriga). Outros números significativos registam-se nos Agrupamentos de Escolas do Sabugal, com 41 professores sem serviços letivos, e de Gouveia (do qual fazem parte as escolas Secundária e EB 2,3 de Gouveia, e a EB 2,3 de Vila Nova de Tazem), com 38. No que respeita a professores com contrato não renovado, os agrupamentos de Seia e Gouveia voltam a liderar, com 30 e 22, respetivamente. É também nestes agrupamentos que se verifica uma maior diminuição de horários (menos 77 em Seia, e menos 51 em Gouveia).

Sofia Monteiro vê nestes números uma «situação dramática para quem, ao fim de tantos anos de dedicação ao ensino, se encontra numa situação destas». A sindicalista aponta o dedo à medida do Ministério que institui um aumento de alunos por turma, afirmando que «se as turmas ficam maiores, há mais estudantes por cada professor, e com isso são necessários menos docentes». Para Sofia Monteiro, esta opção «funciona mal num duplo sentido», pois «para além de levar a esta situação» de haver professores sem horários atribuídos, «piora as condições de trabalho» dos docentes e «compromete a qualidade do processo educativo». A sindicalista defende, por isso, a existência de «turmas mais pequenas», que «envolveriam mais professores, acabando com esta situação», e que permitiriam «um ensino mais personalizado e acompanhado».

O destino dos professores em “horário zero” passa, «para já», por «ficar na mesma escola e receber outro tipo de tarefas, como atividades de apoio ou enriquecimento curricular», adianta Sofia Monteiro. Algo que «não agrada aos docentes, pois eles querem é ensinar», e nem ao Sindicato, porque «essa distribuição de tarefas alternativas levará a que estas sejam retiradas aos professores com contrato». A sindicalista garante, por isso, que os professores da região e de todo o país «continuarão a concentrar-se e a manifestar-se», para mostrar ao Ministério que «não compactuam com medidas restritivas que comprometem o futuro pessoal de docentes contratados e do quadro, e o futuro de uma geração».

Fábio Gomes Só em Seia há 70 docentes sem horário para o próximo ano letivo

Comentários dos nossos leitores
Virgilio virgiliofig@mail.pt
Comentário:
De acordo com o projecto educativo do AEGCC de seia do ano de 2011/2012, o agrupamento tinha um corpo docente de 146 e nao de 248 mencionado no vosso quadro do vosso artigo.
 
tózesilva tozesilva2012@gmail.com
Comentário:
Salazar, na sua imensa sabedoria(sic), dizia que ao povo bastava “saber ler, escrever e contar”. Estas alterações no currículo dos alunos vai de encontro a esta filosofia. Neste contexto todos os professores das áreas de expressão e do desenvolvimento do raciocínio são dispensáveis. Quem pensa que a filosofia é outra está muito enganado.
 

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