Phil Graham (1915-1963), editor e coproprietário de “The Washington Post”, deixou para a posteridade uma frase de belo efeito: «As notícias são o primeiro rascunho da história». Penso que Graham tem razão.
De facto, ninguém pode escrever a história de um período sem primeiro ler o que se escreveu à época nos jornais. Da mesma forma, O INTERIOR é fundamental para se conhecer e compreender a Guarda dos últimos 18 anos. Nestes anos, muita coisa aconteceu na nossa terra. Já vivemos um período, curto e intenso, de alguma euforia. No início do século XXI, ainda se acreditava que os grandes investimentos em infraestruturas, com fundos públicos, iriam criar as condições para atrair empresas e pessoas. Era a famosa lógica keynesiana do Estado como motor da economia. Este tipo de ilusões morreu.
Já passámos por períodos de algum desânimo. Com a população a envelhecer e os mais jovens a terem de emigrar à procura de emprego. Hoje, há uma mistura de esperança e resignação. Nesta história, com altos e baixos, O INTERIOR teve sempre um papel difícil. Por opção e princípio, nunca se encostou ao poder. E esse era o caminho mais fácil e tentador. Em vez disso, preferiu sempre ser livre e procurar a verdade. Pagou e paga um preço por isso. No tempo dos socialistas, era visto por muitos como sendo da oposição. Curiosamente, agora com o PSD no poder, é acusado, por vezes, do mesmo.
Esta acusação, de ambos os lados, é o maior elogio que se pode fazer a O INTERIOR e ao seu fundador e diretor desde o primeiro minuto, o Luís Baptista-Martins. Pelo caminho, vão-se fazendo inimigos e antipatias. Na verdade, no fim do dia, todos esses rancores desaparecem. Pelo menos, é essa a minha perceção. E este, ainda que de forma enviesada, é também um elogio que deixo aqui a muitos dos visados, criticados e escrutinados por O INTERIOR nestes 18 anos. Parabéns.
Por: José Carlos Alexandre