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Maioria do empreendedorismo em Portugal está assente no autoemprego

Segundo tese de doutoramento na Universidade de Coimbra, o empreendedorismo é de necessidade e contribui para o crescimento «anémico» da economia.

Uma tese de doutoramento da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra conclui que a maioria do empreendedorismo em Portugal é de necessidade, gera turbulência no tecido empresarial e contribui para o crescimento «anémico» da economia.

A tese de doutoramento, iniciada em 2012, constata que a maioria do empreendedorismo português surge alavancado pelo desemprego, o que leva a que esteja associado a um empreendedorismo «por necessidade», ao invés de «por oportunidade», indiciando que não contribui para o crescimento da economia, disse à agência Lusa o autor da tese, Gonçalo Brás.

Segundo o investigador, um dos «traços preocupantes do empreendedorismo em Portugal» é este ser alimentado pelo Governo, «em programas como o “Empreende Já”», em que o desemprego «é condição “sine qua non” [obrigatório] para haver apoio». O desemprego como alavanca para o empreendedorismo leva a que as pessoas «sejam empurradas para o mercado, muitas vezes impreparadas, o que pode resultar no endividamento das pessoas», sublinhou.

A consequência de um empreendedorismo assente na necessidade e no “autoemprego” (Portugal tem uma taxa de autoemprego de 18,4 por cento) leva a «uma turbulência de empresas que se regista em Portugal, com um carrossel de entra e sai de empresas, sem que venha nada de bom para o crescimento económico português», referiu o autor da tese.

A aposta nesse tipo de empreendedorismo através de políticas estatais «não tem dado resultado», sendo que a diminuição no investimento em inovação e desenvolvimento (I&D) e em educação acaba por ser «preocupante», indiciando uma «não aposta no empreendedorismo por oportunidade» – assente na inovação e na criação de produtos de valor acrescentado.

O investigador, que analisa também 350 empresas exportadoras e, dentro dessas, 170 de base tecnológica, salienta que nessas empresas o empreendedorismo por oportunidade (feito via inovação) está presente e ajuda-as a internacionalizarem-se e a obterem «uma melhor performance global».

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