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“Mahagonny Songpiel” estreia hoje no Teatro das Beiras

Crítica musical ao capitalismo, de Bertold Brecht e Kurt Weill, em cena até 8 de Novembro

Para fechar a temporada com “chave de ouro”, o Teatro das Beiras estreia esta noite na Covilhã a sua última produção, “Mahagonny SonGspiel”, de Bertold Brecht e Kurt Weill. Um exemplo do “teatro épico” brechtiano e uma crítica severa ao capitalismo que dominava a sociedade da época, que está em cena até ao próximo dia 8 de Novembro.

Com encenação de Gil Salgueiro Nave, a 54ª produção da companhia covilhanense é a mais cara de sempre, pois exige um elenco numeroso de actores e alguns músicos dirigidos por Hélder Gonçalves. Alexandre Barata, Alexandre Fernandes, Alice Dias, Ana Filipa Trindade, Ana Grilo, Bina Ferreira, Cristina Gonçalves, Eva Fernandes, Hélder Gonçalves, Horácio Pio, Isabel Morais, Jorge Alonso, Margarida Peredo, Nuno Coelho, Pedro Fino, Pedro Ladeira, Rogério Bruno, Rui M. Silva e Rui Pinheiro dão vida a esta produção arrojada do Teatro das Beiras, que contou ainda com António Conde na tradução do texto original em alemão. De resto, representar Brecht é, já por si, um grande desafio. Escritor e dramaturgo alemão, é considerado por muitos como o melhor poeta e dramaturgo do século XX, sendo em muitos casos comparado a Shakespeare. A produção teatral de Brecht é abundante e bastante expressionista, a cujo movimento aderiu desde muito cedo, sendo ainda fortemente influenciada pela agitação revolucionária dos anos 20. No conjunto das suas obras, Bertold Brecht tenta lançar um olhar crítico sobre o mundo moderno e a sociedade dominada pelo capitalismo e pelo consumo.

A “Ópera dos Três Vinténs”, escrita em 1928 com o compositor alemão Kurt Weill, inicia a fase em que Brecht recorre às canções e aos cartazes expressivos para criticar satiricamente o capitalismo. Este musical, inspirado em “The Beggar’s Opera” (1728), do dramaturgo inglês John Gay, converteu-se no maior êxito teatral de Brecht. Já o musical “Mahagonny Songspiel”, que o Teatro das Beiras estreia esta noite, também conhecida como “A ascensão e queda da cidade de Mahagonny”, produzida entre 1927 e 1929, volta a criticar severamente o capitalismo que dominava a sociedade da época. Brecht conta com o talento de Weill para dar vida ao chamado “teatro épico”, como o apelidou. Falecido em 1956, Bertold Brecht destacou-se ainda na teoria teatral e na poesia, sempre dominada por um forte cariz social. Embora seja menos conhecido que Brecht, o trabalho de Weill não é menos importante. Depois de ter fugido da Alemanha quando Hittler ascendeu ao poder – à semelhança do que aconteceu com Brecht – Kurt Weill radicou-se nos EUA e conseguiu expressar-se com bastante fluência no jazz. “September Song” e “Speak Low” são os exemplos mais fortes. Com cenários e figurinos do habitual Luís Mouro, a peça será representada no auditório do Teatro das Beiras, sempre de terça-feira a sábado.

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