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Mãe e filha morrem em incêndio na Casa de Santa Isabel

Judiciária está a investigar as causas do fogo, mas tudo indica que tenha tido origem num curto-circuito

Mãe e filha morreram, na madrugada de domingo, num incêndio que destruiu por completo uma residência pré-fabricada de madeira na Casa de Santa Isabel, em São Romão (Seia). Depois de salvar outras duas filhas (Manuela e Eva, de 10 e 4 anos), Maria, de 41 anos, uma colaboradora colombiana que trabalhava há vários anos nesta instituição que cuida de pessoas com necessidades especiais, não conseguiu resgatar Madalena, de 8 anos, do edifício em chamas.

Os corpos, totalmente carbonizados, foram encontrados na zona da escada para o piso superior: «Ela ainda terá conseguido subir ao quarto onde estava a filha, mas, provavelmente, a estrutura desabou na altura em que estariam a descer», adiantou Serafim Barata, comandante dos bombeiros de São Romão. O incêndio terá deflagrado cerca das 1h30 naquela que foi a primeira casa construída na instituição, em 1981, e os voluntários locais pouco puderam fazer quando chegaram ao local. «Já nem foi possível entrar para salvar as pessoas que estavam na casa, pois o edifício, totalmente em madeira, ardia com grande intensidade. Limitámo-nos a evitar que as chamas alastrassem à floresta envolvente», disse o responsável, admitindo, contudo, um «ligeiro atraso» na actuação, uma vez que a corporação foi alertada inicialmente para um incêndio florestal. O sinistro mobilizou 56 homens e 13 viaturas de seis grupos de bombeiros dos concelhos de Seia e Gouveia.

Maria e as suas três filhas eram uma «família normal» que residia na Casa de Santa Isabel, mas perderam o pai no ano passado, vítima de doença prolongada. «As crianças nasceram aqui», recordou Carlos Páscoa, visivelmente emocionado. «Estamos em estado de choque com esta tragédia», confessou o presidente da direcção da instituição, onde «nunca tinha acontecido nada do género». O responsável diz não ter explicação para o sucedido, até porque, há cerca de um mês, houve obras para melhorar a segurança do edifício. «Os trabalhos foram feitos com o apoio da Segurança Social e consistiram na mudança da estrutura da cobertura e na substituição da parte eléctrica», revelou. Na altura do sinistro estavam dez pessoas na casa – dois adultos e cinco crianças deficientes – e oito conseguiram salvar-se sem ferimentos. «Como é fim-de-semana, havia menos gente, porque alguns utentes estão com a família», acrescentou.

Carlos Páscoa afirma que «o importante agora é remover os destroços e tentar a reconstrução da residência para reerguer também psicologicamente a instituição». De resto, o presidente da Casa de Santa Isabel sublinha que os serviços da Segurança Social, da Câmara de Seia e até gente “ligada ao Governo” já contactou a Casa para disponibilizar ajuda. «Foi uma reacção muito positiva que não estávamos à espera», admitiu. Entretanto, as duas meninas que ficaram orfãs vão continuar na instituição, pois «não têm para onde ir». Na origem do incêndio pode ter estado num curto-circuito, sendo que Polícia Judiciária está a investigar as causas do sinistro.

Uma comunidade com 85 utentes

Fundada em 1981, a Casa de Santa Isabel é uma comunidade de vida, trabalho e aprendizagem destinada a pessoas com necessidades especiais. Acolhe actualmente 85 utentes, 45 dos quais são internos, em cinco casas espalhadas pela Quinta do Formigo, em São Romão. A instituição tem como objectivo instruir e preparar os cidadãos com necessidades especiais, procurando desenvolver as suas capacidades, nomeadamente através de oficinas de diversas áreas profissionais, para a sua integração na vida activa. O seu método de trabalho inspira-se no movimento internacional de pedagogia curativa e socioterapia, criada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner.

Luis Martins Chamas destruíram casa de onde saíram ilesas oito pessoas, cinco das quais deficientes

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        Santa Isabel

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