Arquivo

Madeiro de Natal na Guarda vai arder no Largo da Misericórdia

Nova localização é justificada pela Câmara com impossibilidade técnica para cumprir tradição na Praça Velha, mas oposição discorda da mudança

Já se sabia que por causa da instalação de uma tenda gigante na Praça Velha entre 5 de dezembro e 6 de janeiro, o tradicional madeiro de Natal na Guarda teria este ano de arder noutro local. Só não se sabia ainda qual o sítio alternativo encontrado pelo município para a tradição se cumprir e foi na reunião do executivo da última segunda-feira que Álvaro Amaro anunciou que o madeiro vai realizar-se este ano, excecionalmente, em frente à Igreja da Misericórdia, «em cima da passadeira».

O presidente da Câmara da Guarda garantiu que «nunca» será ele a «terminar com a tradição do madeiro», mas justificou que o mesmo não se pode realizar na Praça Velha por ser «tecnicamente muito difícil» conciliar «a fogueira» com a tenda da animação natalícia. O autarca anunciou ainda que a Passagem de Ano Académica, promovido pelo IPG, «provavelmente» também irá realizar-se este ano no Largo da Misericórdia. No final da reunião, aos jornalistas, o edil frisou que «com esta decisão se cumpre a tradição católica e liga-se um espaço a outro no “coração” da cidade», lembrando que a fogueira no início da década de 90 se fazia na Alameda de Santo André e quando passou para a Praça Velha também houve «críticas».

Os argumentos utilizados pelo presidente da Câmara não convenceram os vereadores da oposição. José Igreja reconheceu que a fogueira de Natal «não é um costume muito antigo na Guarda», fazendo-se há 20 ou 30 anos, mas receia que «a sua retirada da Praça Velha possa motivar algum descontentamento por parte da população, isto porque o madeiro é um lugar central de convívio e de reencontro dos guardenses». Nesse sentido, o vereador socialista considerou a mudança «negativa» e pediu à maioria que «reveja» a decisão e faça a fogueira na Praça Velha, sugerindo que se coloque «uma “cortina” num material adequado para evitar problemas na tenda». Mais crítico foi Joaquim Carreira, para quem «o espaço do madeiro é a Praça Luís de Camões e é aí que se deve manter e não em cima de uma passadeira em frente à Misericórdia». Contudo, Álvaro Amaro reiterou que é «tecnicamente inviável» fazer o madeiro na Praça Velha.

Por causa deste assunto, os dois eleitos do PS abstiveram-se relativamente à prestação de serviços para a animação de Natal, que vai custar mais de 108 mil euros, matéria aprovada por maioria. «Concordamos com o investimento porque a animação, o som, a luz e as atividades implicam alguns gastos», declarou José Igreja. Aprovada por unanimidade foi a proposta da autarquia homenagear 11 personalidades, instituições e empresas do concelho no Dia da Cidade. Álvaro Amaro explicou que os homenageados são «pessoas ou instituições que se distinguiram ao longo do tempo e continuam a distinguir-se, dando prestígio à cidade e ao concelho», adiantando que o critério das escolhas foi o do «reconhecimento». Pela oposição, José Igreja referiu-se apenas ao empresário José Luís Carrilho Agostinho de Almeida, de quem espera que «regresse às origens para repor na Guarda aquilo que a cidade deu aos seus avôs, reinvestindo na cidade». O presidente do município aproveitou para responder que José Luís de Almeida «ainda é um bom empresário na Guarda».

Ricardo Cordeiro Presidente do município garante que é «tecnicamente inviável» fazer o madeiro na Praça Velha

Sobre o autor

Leave a Reply