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Made in Portugal

A notícia foi quase tapada pelo fumo dos incêndios. A contratação de Cristiano Ronaldo para o Manchester United, se atendermos aos montantes envolvidos (17 milhões de Euros pela transferência e um contrato de cinco anos por um valor anual de 1,5 milhões), foi uma bomba no meio desportivo e só não teve o destaque merecido porque na altura andávamos todos obcecados pelo calor e pelos incêndios. O que dizer de uma operação de tal envergadura, protagonizada pelo Manchester United (Queiroz deve ter dado uma ajudinha), aquele que muitos dizem ser o clube mais rico do mundo? O que dizer de um miúdo de 18 anos de idade, que ganhava cerca de 300 contos/mês passar de repente a ganhar cerca de 30.000 contos/mês? E o que dizer das finanças sportinguistas, que também de um momento para o outro, passam de uma situação de deficit profundo para uma situação de desafogo financeiro? Somando aos 17 milhões os 6 milhões da venda de Quaresma e o empréstimo por 3 anos do excelente Rochemback pelo Barça, o Sporting fez um grande encaixe.

Tais operações se, por um lado, vêm provar a excelência da qualidade dos jogadores portugueses, por outro, vêm também validar a politica de formação que o Sporting vem perseguindo, nomeadamente com a criação da Academia de Alcochete (provavelmente pelas condições apresentadas até vai ser a sede da nossa selecção para o Euro 2004). Também há que tirar o chapéu a Boloni. No fundo a aposta que ele e a sua equipa técnica fizeram foi determinante para que agora se pudessem fazer estes óptimos negócios. Que outros treinadores o tenham para exemplo.

Ao Cristiano cabe-lhe agora para além de um grande ordenado, a responsabilidade de corresponder às expectativas que Sir Alex Ferguson, e os adeptos por arrasto, nele depositam. Para aumentar a expectativa até lhe vestiram a camisola “7” do Beckam. Será isso um peso ou um estimulante? Vamos ver como o rapaz se irá sair. Para já no primeiro jogo, pôs a cabeça em água aos adversários directos e provocou nos “Red Devils” os mais variados e amplos elogios, ao ponto de ninguém ter dado pela falta do amado David Beckam. Também o Ricardo Quaresma se tem saído muito bem nos jogos feitos pelo Barcelona. Sei que num dos jogos foi eleito o melhor jogador e que até já marcou golos. Duas carreiras para irmos acompanhando com atenção e que a darem certo irão fazer voltar todas as baterias dos grandes clubes europeus para o universo futebolístico da formação em Portugal. E lembrar-me eu dos anos em que em Portugal, e aqui na Guarda também, importávamos em série jogadores africanos e brasileiros. Quando aqui, temos dos melhores jogadores do mundo.

Por: Fernando Badana

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