Arquivo

Macrocefalia de Lisboa

Um país a várias velocidades

Portugal tem um formato retangular e um modelo de desenvolvimento tão centralista que é difícil resistir à tentação de perguntar: e o resto é mesmo só paisagem?

Na verdade, tudo se concentra em Lisboa, mas quando se analisam as contas do país deparamos com algo surpreendente, grande parte da contribuição de Lisboa para o PIB (Produto Interno Bruto) advém do fato das sedes das grandes empresas estarem na capital, se bem que as empresas funcionam noutros pontos do país. Por exemplo, um dos maiores exportadores portugueses, a Petrogal, paga impostos em Lisboa, mas a verdade é que o seu produto, os combustíveis, são refinados no Norte (Leça da Palmeira) e no Alentejo (Sines). Ou o caso da REN que tem sede em Lisboa, onde paga os seus impostos, mas a sua rede é por todo o território. Ou da EDP, que produz eletricidade nomeadamente nas barragens longe de Lisboa.

O país é um território de diferentes velocidades e díspares formas de ganhar ou gastar dinheiro. O salário médio dos portugueses é de 800 euros e com tendência para descer, mas muitas carreiras profissionais auferem muitos milhares de euros. O país do salário baixo é, muitas vezes, o país que mais produz e exporta. E Lisboa é onde se gastam mais em salários, nomeadamente na administração pública.

Macrocefalia de Lisboa

Sobre o autor

Leave a Reply