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Luta contra as portagens vai «endurecer»

Empresários e sindicatos querem trazer de novo o fim da cobrança nas ex-SCUT para a ordem do dia e prometem novas formas de luta

A comissão de utentes da A23 promete não dar tréguas e continua na luta contra as portagens na autoestrada da Beira Interior. No passado dia 3 os contestatários da cobrança estiveram reunidos em sessão pública, na Biblioteca da Covilhã, e deixaram uma certeza: «Temos mesmo de endurecer a luta», conclui o porta-voz do movimento, Marco Gabriel.

O protesto vai passar por novas e diferentes ações de rua, sensibilização e trabalho junto das autarquias e da Assembleia da República (AR). O objetivo é voltar a «por o assunto na ordem do dia» e mostrar «a quem decide que a abolição das portagens na A23 é importante para a região e para o país». Da assistência surgiram sugestões como a de marcar presença na AR no momento de votação dos dois projetos de lei apresentados pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, para que «a opinião pública saiba que o interior se mobiliza» através de atos de «maior visibilidade», propôs o responsável da União dos Sindicatos de Castelo Branco, Luís Garra. Outra das sugestões apresentadas pode passar por fazer chegar aos partidos com acento parlamentar e à comissão que acompanha o assunto, pareceres de entidades e a título individual.

Segundo a comissão de utentes, a A23 é das autoestradas «mais caras do país» com custos superiores aos da A1. As portagens têm sido um entrave à economia local e não afetam apenas os bolsos daqueles que diariamente viajam nas ex-Scut. «As portagens afetam todos», garante Marco Gabriel, pois «estão presentes em todos os bens e serviços transacionáveis». Os custos de utilização da A23 acabaram por afetar os pequenos comércios da região que pagam mais para adquirir os seus produtos e, «inevitavelmente os preços subiram», revelou um inquérito promovido pela Associação Empresarial da Beira Baixa. «Os custos serão sempre refletidos, demore mais ou menos tempo», avisou o representante dos utentes.

Na mesma reunião, em que participaram vários utentes, empresários, sindicalistas e representantes de outras entidades, ouviu-se o testemunho de um empresário da região, António Garra, que lamentou o facto dos valores que tem a pagar em portagens por ano serem já superiores ao montante que vai pagar de IRC. «As empresas estão a deslocalizar-se para a zona de Coimbra, pois há mais mercado e fazem face às despesas», adiantou o empresário que teme o futuro de uma região onde não sabe «o que vai ser das pequenas e médias empresas». Os participantes apelaram ainda a uma luta unida com outras associações entidades, desde Torres Novas à Guarda, e houve quem fosse mais radical e sugerisse o fecho da autoestrada com pedras ou a colocação de carros destruídos em determinados pontos, como forma de assinalar a sinistralidade devido ao aumento de tráfego nas estradas nacionais.

Apesar desta ter sido uma reunião bastante participada houve uma notável ausência de entidades políticas – autarcas e deputados eleitos pelo distrito. Ainda assim Marco Gabriel garante que «há muitas Câmaras Municipais que já se manifestaram e vamos tentar trazê-las para a luta», considerando que com outros meios será mais fácil investir em ações de sensibilização para ter «ações de protesto fortes e que coloquem novamente este assunto na ordem do dia».

Ana Eugénia Inácio Comissão de Utentes reuniu em sessão pública marcada pela ausência de políticos

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