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Lugar calmo e próximo do centro

Edifício de 1969 nasce na Mata

A Mata Municipal da Guarda em frente ao Parque Municipal foi o local escolhido para o novo Liceu em 1969. Não se tem notícia de grandes contestações e questões ambientais também não se levantaram. O interesse de construir ali terá sido sobretudo por ser um espaço público amplo e perto do centro da cidade. Mas desbravar uma mata para construir um edifício não deve ter caído bem a muita gente. Depois lá dentro foram abaixo a casa da Mata e o coreto, construções com algum encanto e de que não restaram vestígios, a não ser fotografias. Mas a ânsia de ter um edifício novo e um dos mais modernos Liceus do país deve ter satisfeito a maioria dos habitantes da cidade.

À volta do Liceu de 1969 não existiam praticamente construções. A actual Rua com. Salvador do Nascimento (então rua da Fontinha) era uma rua sem casas, que só começavam lá para o início da Rua General Póvoas, a 50 metros da Praça Velha. Nesse ponto ficavam a casa do professor Carlos Costa e de Júlio Xavier. De lá para cá só o “Bacalhau”, na altura armazém comercial, desactivado entretanto de estabelecimento escolar (a Escola Comercial tinha lá estado). O pavilhão do INATEL já surge nos anos 70 e do mesmo modo as construções em frente ao Liceu do outro lado da rua Com. Salvador do Nascimento. Do lado do parque Municipal, existia o Parque evidentemente e a Mata do Sanatório. As Lameirinhas não eram ainda um bairro mas antes um arrabalde rural com uma casa ali outra acolá para lá do campo de futebol. A actual rua Alexandre Herculano era então a avenida das Tílias, muito mais estreita que agora.

Quanto ao edifício, o jornal A Guarda de 26 de Dezembro de 1969 apresentava uma entrevista ao reitor Bonito Perfeito que afirmava que “o novo edifício, com 29 salas de aula, é uma construção moderna, ao sabor das novas correntes da arquitectura: muita luz e cor, com contrastes marcantes; os vidros abundantes por toda a parte, o que à primeira vista pode parecer um erro para o nosso clima; o edifício é harmonioso, equilibrado e nas suas linhas gerais pode dizer-se funcional”. No Riacho, jornal do Liceu ligado à Mocidade Portuguesa, no número de Dezembro de 1969, a aluna Mª Alice Gonçalves e Silva classifica assim a nova construção: “O Liceu é um edifício de linhas modernas, arejado e imponente, que domina o lugar aprazível e calmo, onde foi construído, dando boa impressão logo à primeira vista. (…) A pintura das paredes em verde e rosa, a existência de dois amplos quadros verdes em cada sala de aula, a comodidade das carteiras-secretárias individuais, o ar de tranquilidade que se respira no seu interior, tudo isto são factores que exercem influência benéfica no nosso espírito de alunas deste Liceu”.

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