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“Loucos” do geocaching estão a crescer na Guarda

Uma dezena de geocachers juntaram-se na zona da Quinta da Maúnça para procurar “caches” e contemplar o céu

Na madrugada da passada quinta-feira, um astronauta fã e praticante de geocaching – uma caça ao tesouro em que o mapa é um dispositivo GPS – foi enviado para a Estação Espacial Internacional. Este foi um pretexto para que cerca de uma dezena de geocachers da região da Guarda se juntassem na véspera na zona da Quinta da Maúnça para confraternizarem e procurarem “caches”, os tesouros que os adeptos deste jogo gostam de encontrar e assinar.

Curiosamente, o promotor do encontro foi um jovem oriundo de Santa Maria da Feira que estava de passagem pela Guarda vindo de Espanha. Tiago Veloso explicou que o astronauta Rick Mastracchio levou consigo para o espaço um “travel bug”, «uma espécie de tesouro do geocaching», sendo que o objetivo «é que mais tarde algum geocacher encontre esta peça e para isso tem que ir ao espaço». Na Terra, a ideia do encontro na Guarda era que os geocachers participantes contemplassem o céu numa tentativa de verem a Estação Internacional, «unindo-se virtualmente a milhares que estiveram em todo o mundo a celebrar a ida do “travel bug” ao espaço». Apesar do tempo nublado, o convívio não deixou de se fazer e o jovem padre de 26 anos gostou de reunir alguns dos «“loucos” que andam com um GPS à procura de tesouros escondidos e espalhados pelo mundo» e que tanto podem ser «coisas banais, como um “tupperware”, ou outras mais radicais, como pastilhas elásticas». De resto, uma “cache” mais elaborada que se pode encontrar nas proximidades da Maúnça é «uma espécie de ninho de pássaros».

Cada objeto encontrado contém um “logbook”, «uma espécie de livro de visitas», que o geocacher assina para assinalar a sua presença. O procedimento seguinte é ir ao site www.geocaching.com e registar as suas descobertas. Cada “cache” encontrada fica «sempre no mesmo local para que outros jogadores a possam encontrar», indica Tiago Veloso, que já descobriu «locais fantásticos» graças ao geocaching. «A Serra da Estrela tem pontos extraordinários, mas, por vezes, há “caches” pequenas escondidas onde menos se espera», adianta. Aliás, foi por causa deste jogo que o jovem conheceu os seus novos amigos da Guarda, pois outra aliciante desta prática é «ajudar a conhecer novas pessoas e a fazer amizades». António Gonçalves, de 36 anos, ouviu falar pela primeira vez de geocaching em 2008 e, como já tinha um aparelho de GPS de automóvel, depois de aprofundar os seus conhecimentos na Internet e de ler «muito» sobre o jogo, decidiu experimentar: «A minha primeira “cache” foi no distrito de Viseu, no apeadeiro da Abrunhosa do Mato. Um dia fui para aqueles lados, tirei as coordenadas e fui procurá-la. A partir daí nunca mais parei», recorda o técnico de sinalização ferroviária, da Guarda.

Este geocacher afirma que há muitas “caches” na região, «não tanto na zona urbana da Guarda, mas mais no Parque Natural da Serra da Estrela». Com menos tempo de prática, os namorados Constantino Costa e Vera Almeida começaram a fazer geocaching depois de um colega os ter levado ao Parque Urbano do Rio Diz, onde, há cerca de um ano, descobriram a sua primeira “cache”. «A nível mundial já somos mais de 10 milhões de praticantes e 40 mil em Portugal, é uma epidemia», considera a jovem, de 25 anos, para quem esta atividade «ajuda-nos a conhecer locais que, de outra forma, dificilmente saberíamos que existem». O namorado, de 28 anos, confirma e assume ter descoberto sítios na zona da Guarda que «não conheceria se não fosse o geocaching». O casal garante que há «mais de 100 pessoas» a praticar este jogo na Guarda e que no seu caso aproveitam «todo o tempinho livre para fazer umas “caches”».

Ricardo Cordeiro Praticantes garantem que este “jogo” já os ajudou a descobrir «locais fantásticos» na região, mas não só

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