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Lotação esgotada no Gouveia Art Rock

Cartaz de luxo na quarta edição do único festival português de música progressiva

Já não há bilhetes para os sete concertos do Gouveia Art Rock, que decorre este fim-de-semana no Teatro-Cine da “cidade-jardim”. Mas os apreciadores ainda podem registar-se numa lista de espera e aguardar pela desistência de algum espectador. É que o único festival português de música progressiva está esgotadíssimo há algumas semanas, muito por culpa de um cartaz de luxo que atraiu fãs espanhóis, franceses, alemães, americanos, ingleses e alguns poucos portugueses, revela a organização.

Peter Hammill, Matthew Parmenter, os Present e os Amon Düül II, entre outros, são os convidados da quarta edição de um evento promovido pela associação Portugal Progressivo, em parceria com a autarquia gouveense. Sábado é o dia forte do festival, revezando-se no palco, a partir das 16h30, os franceses Taal, Matthew Parmenter, o grupo Present e Peter Hammill. O líder dos britânicos Van der Graaf Generator, grupo marcante na história do rock sinfónico dos anos 70, é o cabeça de cartaz do Gouveia Art Rock, cabendo-lhe encerrar a primeira jornada. Passados mais de 40 álbuns a solo, a obra de Peter Hammill, permanece intemporal, única e pessoal, já que este verdadeiro ícone do progressivo e da música urbana em geral criou um estilo muito próprio, caracterizado por longas e expressivas baladas. Antes dele, o sexteto de Poitiers (França) Taal promete confirmar o êxito alcançado com os seus dois únicos álbuns “Mister Green” (2001) e “Skymind” (2003). Segue-se o ex-Discipline Matthew Parmenter, que regressa aos palcos europeus após uma década de ausência e numa altura em que está a preparar um novo álbum a solo, sucessor de “Astray” (2004). Depois, é a vez dos belgas Present, considerados «uma das bandas de topo no mundo do rock progressivo de vanguarda» e com quase três décadas de carreira. O grupo é liderado por Roger Tigaux, co-fundador dos Univers Zero, banda que fechou a edição do ano passado.

O domingo é inteiramente dedicado aos sons nórdicos. O programa começa com os Anekdoten (Suécia), uma banda que evoluiu dos “covers” dos King Crimson para um projecto original maduro. Da vizinha Finlândia chegam os Alamaailman Vasarat, um grupo vanguardista que sintetiza música étnica das mais variadas proveniências com jazz, clássica e rock. Mas o momento alto do segundo dia acontecerá com a actuação dos alemães Amon Düül II, uma banda mítica do chamado “rock alemão” (ou “krautrock”) dos anos 70. O projecto nasceu numa comuna de Munique e destacou-se pelo seu pioneirismo e originalidade. A sua música caracteriza-se por um experimentalismo instrumental e vocal, dissimuladamente estruturado, associado a algum psicadelismo cósmico e a esporádicas notas étnicas. Paralelamente, o Gouveia Art Rock acolhe um “show-case” dos Trape-Zape, do guitarrista Fernando Guiomar, e homenageia o crítico musical Fernando Magalhães, falecido no ano passado. Para além de uma conferência com Carlos Plaza e da edição da comunicação de Thomas Olsson, sobre “O Progressivo – Das Origens à Actualidade”, proferida em 2005.

Luis Martins

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