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Lógica engenhosa

Conta uma velha lenda que, em tempos de grandes dificuldades, os portugueses livraram-se dos inimigos oferecendo-lhes uma vaca que atiraram das muralhas. Hoje, que os tempos são igualmente difíceis, já não se atiram vacas. Mas numa outra povoação também beirã, pasme-se, atiram-se porcos. Devem estar a pensar que uma coisa não tem nada a ver com a outra, que os porcos não foram oferecidos aos inimigos, apenas atirados para uma pequena linha de água. E estes, ao contrário da vaca, até já tinham morrido, vá-se lá saber com o quê.

Pois é, mas a linha de água acaba por chegar ao Zêzere, que por sua vez adormece na barragem de Castelo de Bode, que mata a sede aos senhores de Lisboa. Desta forma poderá ser que o presente envenenado chegue aos destinatários, sim, aos responsáveis pela situação difícil… Estão a entender. Enfim, uma lógica engenhosa. Talvez assim, animados pela boa carne, perdão, pela boa água beirã iluminem as sua mentes e passem a fiscalizar aquilo que devem. Pode ser que em vez de multarem cidadãos que confundem o colorido dos contentores, encontrem forma de os educar para práticas mais correctas. Pode ser que desta forma se dêem conta que aquilo que os preocupa são virtualismos e não a verdadeira realidade do país e os problemas de saúde pública com que nos debatemos.

Por: Telma Madaleno

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