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Linhares da Beira quer continuar a ser o “santuário” do parapente

Câmara de Celorico e Inatel acertam hoje os pormenores para o futuro da modalidade na Aldeia Histórica

Se o vale do Zêzere, na zona de Manteigas, é a nova “Meca” do parapente em Portugal, Linhares da Beira não quer perder o estatuto de “santuário”. Para tal, o Inatel e a Câmara de Celorico da Beira acertam hoje, numa reunião tripartida a realizar na autarquia, os pormenores para a sua continuidade na Aldeia Histórica. Em cima da mesa está a melhoria das condições para a prática da modalidade e da escola, mas também do alojamento dos praticantes, a oferta de mais desportos radicais e o futuro do tradicional “open”. «O que pretendemos é que o Inatel mantenha os meios logísticos afectos ao parapente e a Linhares da Beira e isso está assegurado», refere António Caetano, edil celoricense, que não duvida que a actividade vai continuar e com «mais força».

A reunião entre o autarca, o vice-presidente do Inatel e o delegado responsável pelo parapente no Instituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres acontece numa altura em que já está ultrapassado o controverso pagamento de 3,5 euros por cada aterragem num terreno particular. O proprietário ter-se-á comprometido a deixar aterrar os praticantes gratuitamente até haver um entendimento com a Câmara e o Inatel quanto à compensação a atribuir. De resto, a autarquia pondera vir a conceder uma «ajuda» ao particular, faltando acertar os respectivos valores. «Foi uma exigência pouco normal e que precipitou o descontentamento dos parapentistas e a sua dispersão», admite António Caetano, explicando a exigência invulgar do dono do terreno com o incumprimento de um compromisso do Inatel. «O anterior presidente do instituto celebrou um protocolo de renda fixa e pagou inicialmente 500 contos anuais. Como isso não aconteceu nos últimos anos, o proprietário achou por bem ser ele a cobrar, o que é um princípio errado», recorda. Contudo, este desentendimento causou alguns danos à prática do parapente e culminou com a saída de Vítor Baía, responsável pela escola do Inatel e seleccionador nacional, para o vale do Zêzere onde abriu recentemente a escola de parapente da Serra da Estrela. Mas a concorrência não parece assustar: «Nada está em causa, porque há outros monitores e uma série de instrutores que o Inatel poderá afectar à escola», garante o autarca.

Parque eólico deslocalizado

Nesse sentido, já está garantida a remodelação da Casa do Parapente, que vai ser rebaptizada com o nome do alcaide José Sousa Ramos. O objectivo é restaurar o espaço para permitir que os parapentistas e os visitantes tenham em Linhares um espaço onde ficar e pernoitar, uma intervenção partilhada pelo município e o Inatel. Em perspectiva estão também outros «atractivos», como as caminhadas, o BTT ou a orientação, entre outras actividades, que irão complementar o parapente para atrair e fidelizar os amantes dos desportos radicais. A Celorico Activa, uma associação local recentemente constituída, será uma das promotoras destes programas em parceria com a autarquia, o Instituto Nacional do Desporto, o Inatel e a Federação Portuguesa de Voo Livre, tendo assegurado, nomeadamente, a colaboração de José Rosa, ex-ciclista de renome, para o BTT. Caberá ainda à Celorico Activa dar o apoio logístico e humano necessário ao desenvolvimento das actividades que o Inatel pode vir a promover em Linhares. Caso do “open” de parapente, realizado anualmente no Verão, cuja próxima edição também está assegurada.

«Os novos locais na região são complementares a Linhares da Beira, que continua a assumir-se como a capital do parapente», sublinha António Caetano, lembrando as «óptimas» condições de voo em segurança na Aldeia Histórica. Arrumado está também o projecto de um parque eólico para aquela zona, uma vez que o município considera a área como um «santuário» para a prática da modalidade e que deve «estar sempre salvaguardado». Por isso, as torres serão colocadas noutros locais do concelho. Assegurada a continuidade do parapente em Linhares, António Caetano quer agora recuperar a «abalada» imagem da Aldeia Histórica. Admite que Manteigas é um «forte concorrente», por causa do Skiparque, mas sublinha que Linhares da Beira se impõe pelo seu património arquitectónico e histórico, pela futura Pousada de Portugal, a inaugurar em Julho, pela recuperação da Casa do Parapente ou a melhoria do parque de campismo e o turismo rural. «Há também a gastronomia, porque Celorico e Linhares começam a ter bons pontos de referência, caso do Escorropich’Ana, do Lagar Municipal e de uma petisqueira que irá abrir brevemente na localidade».

Luis Martins

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