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Licenciados desempregados aumentam quase 50 por cento na Guarda

Centro de Emprego tinha, em setembro, mais 264 inscritos nessa condição do que há um ano, enquanto na Covilhã o aumento é de cerca de 40 por cento

No final de setembro, o Centro de Emprego da Guarda tinha 799 desempregados licenciados inscritos (inclui os bacharéis, mestrados e doutorados), segundo dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Isto é, mais 264 pessoas que há um ano, o equivalente a um aumento de 49,3 por cento enquanto a média nacional é de 45,2 por cento.

Se tivermos em conta os números de agosto, no espaço de um mês houve uma subida de 14,2 por cento, que corresponde a mais 94 desempregados com aquelas habilitações. Mais uma vez, este é um agravamento superior ao da generalidade do país, cuja média se situa nos 11,9 por cento. Desde novembro de 2011 que esta tendência é uma constante relativamente ao Centro de Emprego da Guarda, que abrange os concelhos de Aguiar da Beira, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Guarda, Manteigas e Sabugal. Já no Centro de Emprego da Covilhã, os valores são ligeiramente mais baixos, mas igualmente preocupantes. No final de setembro, havia 928 desempregados licenciados, o que representa mais 265 inscritos face a setembro de 2011 – um acréscimo de cerca de 40 por cento. Já em relação ao mês anterior, o Centro tinha mais 110 desempregados com “canudo”, o que representa uma subida de 13,4 por cento.

Este aumento, superior à média nacional, confirma uma tendência que se verifica desde abril deste ano, altura em que foram contrariadas as descidas de fevereiro e março. Entre abril e setembro os valores agravaram-se continuamente, sendo neste último mês mais 34,7 por cento do que em abril. O Centro de Emprego da Covilhã serve os concelhos de Belmonte, Covilhã, Fundão e Penamacor. Atualmente, os desempregados licenciados são o terceiro maior grupo, em termos de níveis de escolaridade, no Centro de Emprego da Guarda, representando 17,7 por cento do total de inscritos. Na Covilhã, são o quarto, com cerca de 14,9 por cento. Também a representatividade dos níveis de ensino é distinta nos dois serviços, já que no centro guardense o “pódio” é composto pelos três mais elevados: 3º ciclo (1.299), secundário (1.037) e superior; e, na Covilhã, o ensino primário é o segundo maior grupo (1.414), destacando-se ainda o 3º ciclo (1.350) e o secundário (1.502).

Emigração faz recuar desemprego

A nível nacional, disparou 45,4 por cento o número de desempregados que anularam a inscrição nos Centros de Emprego para emigrar no primeiro semestre do ano. Segundos os dados o IEFP, no mês de setembro deu-se um aumento de 48,9 por cento, num total de 2.766 pessoas face ao mesmo mês em 2011.

Esta é a justificação mais utilizada para o recuo da taxa de desemprego em 0,1 pontos percentuais em setembro, situando-se nos 15,7 por cento. Também o desemprego jovem diminuiu para 35,1 por cento, segundo o Eurostat, o que corresponde a uma quebra de 0,6 pontos percentuais.

Guarda e Covilhã «dispõem de recursos suficientes»

Contactado por O INTERIOR, o delegado da região Centro do IEFP sublinha que os dados apresentados estão relacionados com as opções académicas individuais, que «descuram frequentemente o potencial de inserção no mercado de trabalho». Nesse sentido, Pedro Amaro destaca a importância de «concretizar opções concretas sobre as áreas de estudo» que tenham em atenção a posterior empregabilidade. E exemplifica com o potencial das «áreas ligadas à economia verde, saúde e tecnologias de informação e comunicação». Também o envelhecimento da população gera oportunidades de trabalho em «tarefas ligadas à saúde e bem-estar, assim como na prevenção, apoio e acompanhamento de pessoas mais idosas», refere.

Na sua opinião, a falta de emprego para licenciados nesta zona da Beira Interior – e o facto de apresentar subidas superiores à média nacional – resulta da região «estar excecionalmente bem servida de instituições de ensino superior, o que facilita em termos de oportunidades de qualificação, mas, paradoxalmente, tem expressão na caraterização do emprego. Quem entra agora no mercado de trabalho vai certamente mudar de emprego algumas vezes», antevê. Mesmo assim, os desempregados licenciados são aqueles que, em termos médios, têm «um menor período de tempo para ingressar no mercado de trabalho», garante. Por este motivo, Pedro Amaro considera «imprescindível» que ativos empregados ou desempregados continuem «a investir na qualificação para que possam melhorar a sua empregabilidade».

Como medidas capazes de proporcionar uma solução rápida, o delegado regional do Centro do IEFP apresenta o programa “Vida Ativa”, os “Passaportes Empregos” e os estágios profissionais. Já quanto aos cursos de formação profissional, aquele responsável separa os desempregados licenciados dos restantes, visto que a sua participação «representa, com frequência, um duplo investimento público na qualificação do mesmo indivíduo». Na sua perspetiva, é importante «não desperdiçar recursos e privilegiar as formações orientadas para o emprego». Pedro Amaro sublinha, por outro lado, que os Centros de Emprego da Guarda e Covilhã dispõem dos recursos humanos necessários para «apoiar e aconselhar» os inscritos na procura de trabalho. «Queremos que as nossas respostas sejam fortemente orientadas para os potenciais empregadores, se ajustem ao perfil dos destinatários e constituam uma mais-valia para o rápido regresso à atividade», afirma.

Sara Quelhas

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