Não querendo incorrer na “criação numérica apelativa de sentimentos”, fui em busca de trabalhos que mostrassem resultados sobre os comportamentos diferenciadores dos sexos, especialmente na doença. O impacto da oncologia no casal. Os números são avassaladores e vão contra o sexo masculino. Há em benefício dos homens pouca publicação de dados fidedignos, mas os poucos são já de corar. Se pensarmos nos nossos amigos, há poucos homens com carcinoma da próstata abandonados pela esposa. Se formos em busca das amigas que enfrentaram o cancro da mama vamos encontrar inúmeras divorciadas. Então um trabalho biltre diria que a mulher divorciada tem mais cancro que a casada. Não! Já vi trabalhos que revelam que as solteiras têm pior sobrevida ao cancro da mama que as casadas. Enfim, valores sem importância, mas que naquele limbo onde a ciência faz luz com a ignorância vendem jornais. Os trabalhos científicos valem o que valem pois há sempre um texto e o seu contrário, um artigo e o seu avesso. Já os números que se repetem dificilmente serão contrariados e sabemos que uma mulher que descobre o calvário oncológico tem sete vezes mais hipóteses de encontrar também o calvário dos tribunais e dos advogados para a separação. Ou seja, os homens são notoriamente mais cretinos e pouco resilientes que a mulher. O confronto com a oncologia acarreta uma revolução dos sentimentos e a rejeição sexual parece ser a prenda da mastectomia e a impotência deles fica mais suportável para as mulheres. A intenção cuidadora, a educação para a sustentação, terão peso nestes resultados? Sete vezes mais abandono é um número de meter medo!
Kalicou é um estudo que inclui depoimentos e fotografias do impacto da doença na relação do casal e recomendo espreitarem.
Por: Diogo Cabrita