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Lei de Murphy II

Mitocôndrias e Quasares

No Japão, o sismo não foi o único acontecimento natural que atingiu a ilha, uma vez que o país foi, também, atingido por um tsunami, em consequência deste sismo. Trata-se de um fenómeno extremamente violento, como ficou registado, em 2004, por toda a costa do Índico, onde pudemos assistir à destruição que os tsunamis provocam aquando da passagem de toda aquela massa de água pela linha de costa.

Este fenómeno resultou de uma série de ondas de água causadas pelo deslocamento de um grande volume de um corpo de água, como é o caso dos oceanos. Um tsunami pode ser gerado quando os limites das placas tectónicas, convergentes ou destrutivas, se movem abruptamente deslocando verticalmente a água. É muito improvável que esses movimentos se possam formar em limites divergentes das placas tectónicas, uma vez que os limites construtivos, regra geral, não perturbam o deslocamento vertical da coluna de água. Ao contrário, os terramotos relacionados com a zona de subsecção geram a maioria dos tsunamis, com as consequências que pudemos observar. Como se não fosse suficiente, e indo ao encontro da Lei de Murphy, o Japão viu-se a braços com um novo acidente, desta feita nuclear, com uma das suas centrais nucleares em perigo de colapso. Infelizmente, esta tragédia relançou o debate sobre o nuclear.

Historicamente, a energia nuclear tem gerado muita polémica no seio da comunidade científica e reflexo disso é a sua conturbada implementação ao longo do tempo. Esta tem passado por períodos onde é vista como a solução energética do futuro, nomeadamente no início dos anos 60, com o aparecimento das primeiras centrais nucleares. Mais tarde, na década de 80, foi vista como um enorme risco ambiental, tendo como fortes opositores inúmeros ecologistas e ambientalistas. A energia nuclear é a energia libertada durante a fissão nuclear, na qual um átomo de um elemento origina dois átomos de elementos diferentes; ou aquando da fusão do núcleo atómico, onde dois átomos de pequenas dimensões se combinam, originando um átomo de maiores dimensões, de um elemento diferente. A quantidade de energia que pode ser obtida através destes processos excede largamente aquela que se obtém através da utilização das energias renováveis, ou mesmo da “queima” de combustíveis fósseis.

A necessidade de travar as alterações climáticas, de cumprir as metas estabelecidas pelo protocolo de Quioto, acordo retificado por alguns países para reduzir a emissão de gases poluentes para a atmosfera, associado à crescente dependência energética da nossa sociedade, levou ao reequacionamento da utilização da energia nuclear. Atualmente, só se produz energia a partir da fissão nuclear, da qual resultam resíduos radioativos que se mantêm ativos por muitos milhares de anos. Apesar da energia nuclear não emitir gases poluentes para a atmosfera, a diversidade de opiniões sobre o destino dos resíduos e dos perigos de um acidente semelhante ao de Fukushima parece ser o argumento utilizado por ecologistas, e agora também por diversos governos, para se oporem à sua utilização. Este debate ainda vai muito no início e espera-se uma longa maratona de argumentação. Já no Japão, o país do sol nascente, espera-se um rápida reconstrução, um novo nascer…

Por: António Costa

Lei de Murphy II

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