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Lagoas da Serra da Estrela com estatuto internacional

Classificação de Zona Húmida de Importância Internacional pela Convenção de Ramsar para as 25 lagoas do planalto da Serra da Estrela e do Vale do Zêzere

As 25 lagoas existentes no planalto da Serra da Estrela e no Vale do Zêzere adquiriram recentemente o estatuto de Zona Húmida de Importância Internacional, especialmente como habitat de aves aquáticas pela Convenção de Ramsar.

A proposta da sua classificação como Sítio Ramsar foi feita pelo Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), através do Instituto de Conservação da Natureza (ICN), de forma a obter um «estatuto de protecção e preservação», adianta Fernando Matos, director do parque. Com este estatuto, atribui-se um «valor acrescido» àquela área, obrigando assim as entidades que operam nas zonas respectivas a «cuidados acrescidos na sua preservação», acrescenta. Esta convenção, que Portugal ratificou em 1980, atribui uma elevada importância a este tipo de sítios, face aos seus elevados valores de fauna e flora, para além da sua importância para a conservação de aves aquáticas e peixes. Por outro lado, esta classificação permitirá elaborar planos de ordenamento e de gestão para as zonas húmidas, com vista à sua sustentabilidade, e também preservar a sua conservação e protecção. A “Convenção de Ramsar”, como ficou conhecida por ter sido assinada em 1971 naquela cidade iraniana, representa o primeiro dos tratados internacionais sobre conservação e utilização das terras húmidas e dos seus recursos.

O documento entrou em funcionamento em 1975 e, até Janeiro deste ano, foi ratificada por 150 países, com 1.578 sítios incluídos na Lista das Terras Húmidas de Importância Internacional. Isto é, um total de 133 milhões de hectares. No texto aprovado definem-se zonas húmidas como sendo «zonas de pântano, charco, turfeira ou água, natural ou artificial, permanente ou temporária, com água estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo águas marinhas cuja profundidade na maré baixa não exceda os seis metros». As lagoas da Serra da Estrela são consideradas únicas no país por serem os espelhos de água a maior altitude. É o caso da Lagoa Comprida, com 800 mil metros quadrados, situada a 1.580 metros de altitude, e das Barragens do Lagoacho e do Vale do Rossim, a 1.425 metros de altitude cada. Pertencem ainda a este conjunto uma outra da Lagoa Comprida, da Torre, do Covão do Curral, dos Serranos, Covão dos Conchos, dos Cântaros, Covão do Meio, Seca, Redonda, Covão do Forno, Covão do Ferro, Paixão, Viriato e Vale da Candieira. Classificadas foram também as lagoas do Covão das Quilhas, das Salguadeiras, do Covão do Boeiro e da Escura. Na sua grande maioria, elas têm origem glaciar, sendo que 23 são naturais e duas artificiais (Viriato e Covão do Ferro). A beleza natural destes locais levou mesmo a Região de Turismo da Serra da Estrela a criar a “Rota das 25 Lagoas”, com três percursos distintos: o das Lagoas da Torre, Grandes Lagoas e o trajecto Penhas da Saúde-Torre pelo trilho de Viriato.

Liliana Correia

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