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Jovens de Figueira de Castelo Rodrigo sem emprego no concelho

Recém licenciados não encontram possibilidades de trabalho na terra natal devido à inexistência de empresas privadas

O concelho de Figueira de Castelo Rodrigo tem falta de oportunidades profissionais para os jovens. A inexistência de empresas privadas dificulta a fixação de recém licenciados ligados a áreas como a ciência e investigação. Apesar disso, a área da cozinha e pastelaria pode ter potencialidades de empregabilidade.

Segundo Ricardo Gomes, de 21 anos, a terminar a licenciatura de Biotecnologia, «a falta de oferta de emprego qualificado no concelho, devido à baixa quantidade de empresas privadas na região», leva os recém-licenciados a abandonar o município onde nasceram. O jovem acrescenta que na sua área ligada à investigação, «é completamente impossível» manter-se em Figueira. Também no campo da ciência «é muito difícil ter oportunidades, já que estas encontram-se todas em grandes centros urbanos», adianta Joana Monteiro, de 23 anos, formada na área da saúde. Já para André Pereira, de 17 anos, a terminar um curso profissional em cozinha e pastelaria, a vila «é um local com matérias-primas suficientes para triunfar no ramo da gastronomia, embora sejam muito mal aproveitadas». No entanto, apesar de não querer abandonar a terra natal, a ideia não está descartada: «Não quero deixar a minha terra, pois para estar satisfeito com o meu trabalho era importante fazê-lo na terra que me viu nascer, mas todos os dias sou “bombardeado” com a hipótese de sair», garante.

O aumento da desertificação do interior acentua também aqui a escassez de empresas e serviços que permitam a fixação dos jovens no concelho. «Com um aumento da desertificação populacional, principalmente jovem, a vila não consegue oferecer tudo o que a população necessita para ter uma vida estabilizada, social e saudável. Estas ponderações são fulcrais nas decisões pessoais e profissionais e por isso é necessário refletir se Figueira consegue oferecer estes serviços», sublinha Ricardo Gomes. André Pereira partilha da mesma opinião e considera que «a desertificação que se sente conduz a uma diminuição da produtividade biológica, que também está associada a uma redução da produtividade económica». E sentencia: «Nenhum profissional, independentemente da sua área, consegue ter sucesso na ausência de população». Para estes jovens ouvidos por O INTERIOR, a escolha da área de estudos faz toda a diferença para a sua fixação na terra.

«Com uma mudança na minha área, haveria um ligeiro aumento da probabilidade de uma eventual permanência aqui», acredita Ricardo Gomes. Por sua vez, Joana Monteiro, embora pense da mesma forma, «nunca abdicaria de me formar na minha área de interesse com o objetivo de permanecer em Figueira». O estudante de Biotecnologia considera que «a imagem de uma não-desertificação é agradável, mas a imagem de uma elevada taxa de desemprego não é melhor», sugerindo, por isso, que o município dê «resposta imediata a todas as necessidades da população, desde a prestação de um serviço à aquisição de um produto». E para evitar o despovoamento de jovens surgem diversas ideias. Para André Pereira, uma delas passa pela «criação de postos de emprego/serviços», enquanto Joana Monteiro sugere «mais incentivo à natalidade, mais programas culturais do interesse dos jovens e a criação de postos de trabalho em áreas que abranjam os cursos mais requisitados».

Jovens sugerem a criação de postos de trabalho para a sua fixação em Figueira

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