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Jovens da Mizarela defendem tradição

Grupo de Amigos do Fogo de Natal está a nascer e quer dar vida a toda a aldeia

Sete jovens da Mizarela, no concelho da Guarda, deram os primeiros passos na formação do Grupo de Amigos do Fogo de Natal. Nem todos os interessados puderam ir às primeiras reuniões, mas espera-se que o número cresça substancialmente nas próximas semanas. Os objectivos são «dinamizar e rejuvenescer a aldeia, não só na altura do Natal, mas durante todo o ano», mantendo as tradições natalícias, nomeadamente a fogueira.

O “fogo”, como é chamado, envolve todos os anos alguns dos jovens da aldeia e atrai ao adro da igreja todos os que consoaram na terra e alguns visitantes. O acontecimento é, ano após ano, montado metodicamente, segundo uma espécie de ritual que determina a qualidade do espectáculo da noite de 24 de Dezembro. «A Mizarela está um pouco parada e tem de haver mais movimento, sobretudo da parte dos jovens, que ainda podem fazer alguma coisa», considera Ricardo Sousa, um dos mentores do grupo. Na sua opinião, os jovens da terra sabem o que valem e têm ideias para movimentar a povoação. Para isso chamam todos os que se queiram associar ao grupo «de forma a tentar que esta tradição não acabe, porque é uma das mais antigas e da qual todas as pessoas têm memória». «Estamos mais organizados», acredita Ricardo Sousa, garantindo que os traços originais da tradição serão mantidos.

Mas o Grupo de Amigos do Fogo de Natal apresenta algumas sugestões alternativas. Apesar do “fogo” ser tarefa exclusiva dos rapazes, estes jovens pretendem convidar as raparigas da aldeia a decorar e montar um presépio público, que estará exposto na rua durante a quadra. Um presépio que conciliará o engenho dos jovens à generosidade da natureza, que cederá a maior parte dos materiais. Para além da venda de rifas e da organização de um baile aberto no dia 22 de Dezembro, o grupo quer reacender a fogueira na noite de passagem de ano, reunindo novamente os habitantes da Mizarela. «Fizemos uma experiência no ano passado que correu muito bem, com muita gente a assistir», recorda Ricardo Sousa. Na noite de Natal será recuperada uma tradição que já havia sido perdida. Junto ao “fogo” será colocado «um pipo de vinho, aberto a todos os que se queiram servir, como acontecia antigamente», refere. Antigamente as pessoas compravam um pipo, ou um produtor oferecia, numa tradição que se perdeu e agora os jovens vão recuperar. Com isto mostram-se cientes do desafio que agora aceitam: «Tem de haver quem dedique mais tempo a esses assuntos, se não as coisas acabam por morrer», defende o grupo.

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