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Jovem veterinária triunfa nos Estados Unidos

Única portuguesa diplomada pelo Colégio Americano de Veterinária, especializada e doutorada em Patologias, é natural de Vale de Espinho

Cada vez há mais jovens portugueses licenciados a procurar a sua sorte fora do país. É que lá fora há um mundo novo cheio de oportunidades. Odete Mendes, natural de Vale de Espinho, no concelho do Sabugal, correu atrás do seu sonho, que agora se tornou real. Com apenas 30 anos, é a única portuguesa diplomada pelo Colégio Americano de Veterinária, especializada e doutorada em Patologias, e foi convidada para trabalhar na terceira maior empresa farmacêutica do mundo e a primeira da Europa, o Grupo Sanofi-Aventis, em New Jersey.

Quando, em 1999, terminou a licenciatura em Medicina Veterinária na Universidade Técnica de Lisboa, depois de ter concluído o ensino secundário em Gouveia, Odete Mendes não queria exercer a profissão, queria antes fazer investigação na área da patologia veterinária ou comparada», recorda. Entretanto estagiou em França e depois voltou para Lisboa, onde fez um estágio no Laboratório de Investigação Veterinária e no Instituto Português de Oncologia, ambos na área de Patologia. «Foi nessa altura que percebi que queria especializar-me nesta área», conta Odete Mendes. Como em Portugal não havia essa especialidade, só tinha duas hipóteses: França ou Estados Unidos. Acabou por escolher a segunda opção e concorreu para as universidades americanas com esta especialização e onde aceitassem estrangeiros. Foi aprovada no Colégio de Medicina Veterinária da Universidade de Texas A & M. Naquela especialização, os estudantes prestam serviço à faculdade e dão o seu contributo: «Dava aulas aos alunos de Veterinária, mas também fazia autópsias e biópsias aos animais», adianta a jovem investigadora. Naquela altura foi-lhe proposto fazer o doutoramento, em simultâneo, através de um programa combinado, um desafio que aceitou «logo», pois poupou-lhe mais alguns anos de investigação.

Na sua tese de doutoramento estudou ratos para perceber como é que as metástases do cancro da mama se estabelecem no cérebro. « O objectivo é utilizar animais de laboratório para estudar doenças humanas», acrescenta, a isto chama-se patologia comparada. Na sua pesquisa pretendeu descobrir «como é que os medicamentos que combatem certas moléculas podem prevenir o estabelecimento da doença no cérebro», refere Odete Mendes. Entretanto, também concluiu, com sucesso, o exame de acesso ao Colégio Americano, que demorou cerca de dois anos «dado o grau de dificuldade», garante. E vai agora começar uma nova etapa da sua vida, já que foi convidada para trabalhar no Grupo Sanofi-Aventis, líder mundial em vacinas de uso humano. Odete Mendes vai fazer investigação aplicada: «Daqui a alguns anos pode haver alguns medicamentos no mercado feitos por mim, e isso é um grande estímulo», sublinha a jovem. Até lá, a investigadora aproveita os últimos dias de férias em Vale de Espinho para “carregar baterias” porque na próxima semana já vai estar nos laboratórios a fazer testes nos animais. «Depois é avaliada a toxidade dos medicamentos e passa-se aos testes clínicos, já em humanos», explica. Apesar da família estar deste lado do Atlântico, Odete Mendes não pensa voltar para Portugal. «Cá, o nosso mérito não é reconhecido», lamenta, considerando que se regressasse «viria para o desemprego». Por tudo isto, aconselha os jovens recém-licenciados «a agarrem os seus sonhos», nem que tenham que ir para fora de Portugal para os concretizar.

Patrícia Correia

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