José Gomes, ex-director de Estradas de Coimbra entre 2003 e 2008, viu na semana passada o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Coimbra absolvê-lo de uma dezena de crimes de que estava acusado. O antigo vereador na Câmara da Guarda e director de Estradas do distrito começou a ser julgado em Maio pela alegada prática de vários crimes no exercício de funções, entre os quais peculato, falsificação de documentos, participação económica em negócio, abuso de poder, prevaricação e violação de segredo por funcionário.
Naturalmente «satisfeito» com a decisão do TIC, José Gomes realça que «logo no início do processo se verificou que o mesmo era bastante inconsequente e que a grande maioria dos actos tinham a ver com decisões administrativas», lamentando que a polícia de investigação tenha dado importância a uma carta anónima, onde «toda a gente pode fazer as acusações que quer». Agradado por o colectivo de juízes se ter decidido por não aplicar «qualquer condenação», depois de ter estudado «bem o processo», o engenheiro assegura que se manteve «sempre de consciência tranquila» e convicto de que «a justiça viria ao de cima». De resto, defende que «quem anda em lugares de exposição pública está sujeito a estas coisas» e que «há sempre inveja de alguém e ambição desmedida de outrem», sem especificar a quem se dirigia. «Há sempre quem nos queira atingir a nível pessoal e profissional, mas estas coisas até nos dão mais força para continuarmos a trabalhar», reforça, salientando que «se alguma coisa de efectivamente errado eu tivesse feito isso teria vindo ao de cima».
O engenheiro de 53 anos defende ainda que «quem devia ter sido julgado neste processo são aqueles que na administração pública não fazem nada e que são incompetentes». Salienta que o seu trabalho tem sido «amplamente reconhecido por todos aqueles que o conhecem» nas várias instituições por onde tem passado, garantindo que na direcção de Estradas de Coimbra «se organizou uma direcção, pôs-se os funcionários a trabalhar, resolveram-se os problemas dos cidadãos e trabalhou-se para promover o desenvolvimento da região».
Recorde-se que o caso teve origem numa denúncia feita, em 2007, por carta anónima. A missiva alegava que, em 2002, quando estava à frente da Direcção de Estradas da Guarda, José Gomes teria contratado um amigo para coordenar o Centro de Limpeza de Neve que não reunia as habilitações para o cargo. Outro caso imputado ao engenheiro dizia respeito ao licenciamento do muro de um amigo, construído em zona de estrada, mediante o pagamento apenas das taxas (172 euros), dispensando a indemnização de mais de 20 mil euros a que a Direcção de Estradas de Coimbra teria direito.
Ricardo Cordeiro