O sigilo é a palavra de ordem nas eleições para a Federação do PS da Guarda, realizadas na última sexta-feira. Candidato único, José Albano Marques foi reeleito para um quarto mandato consecutivo – o que lhe garante um lugar na história do partido –, mas até ao fecho desta edição não foram divulgados os resultados oficiais do escrutínio.
O que se sabe que o presidente foi reconduzido com «95,38 por cento dos votos, o que demonstra clara e inequivocamente a vontade dos militantes do distrito em que ele tivesse novamente sido o escolhido para ser o Presidente da Federação do Partido Socialista da Guarda», refere um comunicado lacónico da Federação. Mais pormenores não há, nomeadamente qual foi o universo eleitoral, quantos militantes votaram efetivamente e como o fizeram. Falta ainda saber os resultados por concelhia – O INTERIOR sabe, por exemplo, que na Guarda apenas 34 pessoas votaram dos 50 militantes em condições de o fazer (a concelhia tem cerca de 200 militantes inscritos). Esta atitude não é nova por parte da equipa de José Albano Marques. Em 2012, os jornalistas também não tiveram acesso aos resultados oficiais. O congresso federativo está marcado para Celorico da Beira, no dia 21. Neste mandato, o objetivo do dirigente é ganhar as legislativas de 2015 e as autárquicas em 2017.
Quem votou nestas eleições foi António José Seguro. Há dois anos que o secretário-geral do PS e militante na concelhia local não o fazia, mas desta vez fez questão de contribuir para a reeleição de José Albano Marques, líder distrital e seu apoiante nas primárias. Após exercer o seu direito de voto, António José Seguro apelou à participação dos militantes nos atos eleitorais federativos a nível nacional e escusou-se a comentar a condenação a cinco anos de prisão de Armando Vara no caso “Face Oculta”. António José Seguro é o militante número 8.456 da secção da Guarda, onde estão inscritos cerca de 200 militantes, embora só 50 estejam em condições de votar no ato eleitoral de hoje, segundo fonte partidária. No dia seguinte, em Figueira de Castelo Rodrigo, o secretário-geral do PS foi, no mínimo, polémico ao recomendar aos jovens e aos desempregados que se dediquem à agricultura. «Há muita terra fértil que se for bem trabalhada dá frutos, dá uvas, dá azeite e dá amêndoas», afirmou na sua intervenção. Antes do comício, Seguro tinha ouvido os 34 trabalhadores despedidos da empresa municipal “Figueira Cultura e Tempos Livres.
Quatro líderes de concelhias com António Costa
João Pedro Borges (Guarda), Carlos Costa (Gouveia), Rui Carvalho (Manteigas), e Cláudio Rebelo (Mêda) são apoiantes declarados de António Costa. Inicialmente, Eduardo Pinto (Trancoso) também constava da lista, mas o próprio veio desmentir o apoio ao presidente da Câmara de Lisboa.
Num texto divulgado na quinta-feira pela candidatura de António Costa, 180 presidentes de concelhias do PS não poupam elogios ao adversário de Seguro e manifestam apoio público ao autarca de Lisboa. «António Costa é o primeiro-ministro que o país precisa», tem «experiência política» e «provas dadas», é «um líder com capacidade reformista, gerador de consensos e de entendimentos alargados», lê-se no documento. Esta semana, Manuel Fonseca, presidente da Câmara de Fornos de Algodres, e Vítor Pereira, edil da Covilhã, já tinham manifestado o seu apoio a António Costa.
Luis Martins