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Jorge Mendes defende avaliação dos docentes

Presidente do IPG sugere controlo administrativo com «consequências efectivas» na progressão na carreira para ganhar o desafio da qualidade do ensino superior

O presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) defendeu na última quarta-feira a avaliação periódica de cursos, departamentos, serviços e docentes nos politécnicos portugueses. Durante a sessão solene do Dia do Instituto, Jorge Mendes considerou ser «tempo, não numa óptica estritamente pessoal, de avaliar o desempenho dos docentes através de um controlo administrativo com consequências efectivas na progressão na carreira» para ganhar o desafio da qualidade e excelência que a «forte pressão social» exige cada vez mais do ensino superior. Uma meta que sobressaiu numa sessão marcada pela exigência da transformação da Escola de Enfermagem em Escola Superior de Saúde e da criação do curso de Engenharia de Telecomunicações em Seia.

Duas apostas que é «fundamental ganhar no próximo ano», avisou Mendes, a par da aprovação de um curso de Gestão Hoteleira na Escola Superior de Turismo e Telecomunicações (ESTT), da abertura de novos mestrados na Escola Superior de Educação nas áreas de Educação Ambiental ou Ciências do Desporto, mas também da reformulação/apresentação de novos cursos na ESE e ESTG, «que terão de surgir de uma discussão alargada que envolva toda a comunidade politécnica e parceiros estratégicos». Uma tarefa que pode ser complicada se o Governo «continuar a desinvestir de forma brutal» no IPG. «O ensino politécnico tem sido claramente prejudicado em termos de financiamento e da diminuição do número de vagas», recordou o professor, lembrando que o Politécnico da Guarda foi a principal vítima destes cortes em 2003. «O IPG foi duramente prejudicado no seu desenvolvimento ao ser “contemplado” com um corte orçamental de 5,9 por cento – o maior de todas as instituições do ensino superior. Tal corte não faz sentido porquanto, ao longo dos últimos três anos, esta instituição não tem perdido alunos, sendo, inclusive, o politécnico do país que mais cresceu este ano», denunciou o presidente, para quem esta opção deixa a sensação de que «o crime compensa», pois o Governo premiou os «infractores e os que não cumprem nem fazem uma boa gestão dos dinheiros públicos».

E Jorge Mendes previne desde já que se a quebra de financiamento estatal se repetir no próximo ano, o IPG vai ter que «rever» a sua opção pela propina mínima, uma vez que «não será possível sobreviver nas actuais condições» e fazer face ao aumento das despesas fixas. «Apesar de haver o máximo rigor e cuidado nas despesas, é preciso dizer claramente que as verbas existentes são insuficientes para se ministrar um ensino de qualidade», sublinha, considerando urgente a aprovação da nova Lei de Autonomia, sobretudo quanto à alteração do regime de autonomia financeira das escolas. «É por demais evidente que o actual modelo está falido e levou a situações de descontrolo orçamental e gastos perfeitamente evitáveis», constata, não sem antes destacar os projectos para o futuro «imediato», como o novo edifício da ESTT, a inaugurar brevemente; a construção da sede da Associação de Estudantes; a ampliação da Escola Superior de Enfermagem e a transformação em pequeno pavilhão multiusos do campo de jogos dos Serviços da Acção Social, a que falta apenas o visto do Tribunal de Contas para se iniciarem as obras. Nuno Silva, presidente da Associação Académica do IPG, subscreveu as críticas de Jorge Mendes, mas foi mais longe ao classificar a classe política guardense, em especial os deputados na Assembleia da República, de «inexistente, inoperante, tachista, culturalmente pobre, audazmente nula, pérfida, que hoje deambula em ministérios, Assembleia da República, e teimam em ficar na sua situação privilegiada, surdos e cegos aos apelos dos eleitores». Longe desta guerra, mas «partilhando» as preocupações de Jorge Mendes, o professor Malaca Casteleiro dedicou a sua Oração de Sapiência “À Língua Portuguesa no limiar do Séc. XXI”

Luis Martins

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