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João Rey já não se demite da AAUBI

«Incompatibilidades» tinham levado presidente a pedir a demissão, mas AGA Extraordinária provocou “volte-face”

Aquilo que parecia ser o mandato mais curto de sempre de um presidente à frente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) afinal parece que já não o é. Tudo porque João Rey, que na semana passada tinha decidido pedir a demissão, alegando divergências com alguns membros da restante direcção, decidiu apresentar uma moção de confiança da direcção à Assembleia-Geral de Alunos Extraordinária realizada na noite da última terça-feira que foi aprovada por larga maioria. Deste modo, a reunião de alunos que deveria servir para o vice-presidente Luís Coelho ser nomeado novo presidente, serviu antes para o ex-presidente demissionário voltar com a palavra atrás.

«Não foi bem um “volte-face”. Foi mais uma questão de ultrapassarmos algumas coisas em nome de uma causa maior que é a AAUBI», explicou João Rey após a reunião de alunos em que a moção de confiança por si apresentada foi aprovada por cerca de 100 votos, três votos contra e 26 abstenções. O dirigente entende que «agora estão ultrapassadas as divergências» e que «estão reunidas condições» para «não haver mais problemas». Sublinhando que «os maus começos podem dar excelentes finais», o mestrando de Arquitectura assume que «temos que pedir desculpa aos nossos colegas que nos deram um voto de confiança», reforçou. Eleito há pouco mais de dois meses, o presidente da AAUBI tinha-se demitido a semana passada, devido a «incompatibilidades com três pessoas da equipa» e que, «como não queria que as coisas deixassem de ser bem feitas», entendia «que o melhor era sair». Apesar de se sentir «triste e frustrado» por não conseguir levar a cabo os projectos a que se propunha quando se candidatou, garantia ainda que a sua decisão era «irreversível». Sublinhava que «ninguém é insubstituível», salientando que «as pessoas passam e as instituições ficam», considerando que os anteriores colegas de equipa tinham «o caminho trilhado». Por seu turno, em comunicado, os restantes elementos da direcção revelavam que João Rey tinha decidido «demitir-se» durante uma reunião realizada a 24 de Fevereiro, «no seguimento de uma conversa, onde, perante as opiniões contrárias manifestadas, colocou o seu lugar à disposição, não se tendo mostrado disponível para continuar no cargo, numa decisão tomada única e exclusivamente pelo próprio».

De acordo com os Estatutos, «caso o presidente da direcção se demita ou seja demitido, a AGA nomeará como novo presidente o vice-presidente». Deste modo, Luís Coelho, aluno de Ciências da Comunicação, assumiria a presidência, tendo acusado João Rey de ter uma «maneira centralizadora» de conduzir os trabalhos, a tal ponto que, «muitas vezes, só ele é que tinha acesso a algumas decisões». Contudo, na noite da última terça-feira mostrava-se satisfeito por tudo ter voltado à “fórmula antiga”: «Acho que foi uma decisão que nos fortaleceu. Dá-nos confiança, mas também responsabilidade», frisou Luís Coelho. Admitindo que a moção apresentada por João Rey foi «uma surpresa», considera que foi «positiva», já que as duas partes «admitiram alguns erros». A AGA durou cerca de duas horas, tendo sido interrompida durante quinze minutos para uma reunião de direcção.

Ricardo Cordeiro

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