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João Prata quer «fazer sentir» a Junta na vida da Guarda

Financiamento, competências e nova sede são as primeiras preocupações do primeiro presidente da Junta urbana da Guarda, a segunda maior autarquia do distrito

João Prata gostaria de ver replicado na Guarda o modelo de competências e de transferências financeiras para as Juntas adotado pela Câmara de Lisboa. Numa altura em que freguesias e município começam a discutir «o novo relacionamento» e o respetivo pacote financeiro para 2014, aquele é, para o primeiro presidente da nova Junta da Guarda, que resulta da integração das extintas freguesias urbanas de São Miguel, São Vicente e Sé, «um bom exemplo e devia servir de referência em todo o país porque estabelece com clareza qual é o papel da Junta e com que financiamento pode contar por parte da Câmara».

À margem da tomada de posse, realizada na passada sexta-feira, João Prata disse esperar que «não se repitam os erros do passado» nesta matéria, quando, «em vez de se pagarem os protocolos em atraso, preferiu-se fazer novos mesmo sabendo que não havia verbas para os pagar, o que deixou as Juntas em situações complicadas». Na sua opinião, a Câmara presidida por Álvaro Amaro deve apoiar «o que é de extrema prioridade numa postura de equilíbrio e de respeito por todas as Juntas». Mas o autarca tem outros problemas para resolver, o mais premente será encontrar a sede da nova Junta até ao final desta semana. Este é o prazo dado pelo presidente do município para os serviços de São Vicente e Sé desocuparem os Paços do Concelho. Outro será receber os cerca de 60 mil euros que a Câmara tem em dívida para com as três Juntas urbanas e que deverão ser liquidados na segunda fase do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL).

João Prata admite que a integração das três antigas freguesias numa única vai «demorar o tempo necessário», mas que a sua prioridade será «ir ao encontro» das associações, cidadãos e empresários. «Temos que fazer sentir a Junta de Freguesia na vida da cidade», declarou, acrescentando que também se vai empenhar em atrair investidores. «A cidade não pode viver apenas dos serviços, precisa de pujança económica que crie emprego e riqueza», afirmou, já na sua intervenção de tomada de posse, presenciada por mais de uma centena de pessoas na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço. Na hora dos discursos, Honorato Robalo, o único eleito da CDU, recordou ao novo executivo que «não devemos esquecer as promessas e os compromissos assumidos com os eleitores durante a campanha» e pediu mais a Álvaro Amaro, presente na sessão, mais dotações financeiras para a freguesia.

Já Fernando Cabral, candidato derrotado do PS, garantiu que os cinco eleitos socialistas na Assembleia de Freguesia serão oposição «leal, franca e rigorosa», mas que apresentarão as suas propostas. O antigo governador civil e deputado – que foi professor de João Prata no liceu – sugeriu ainda que a sede da nova Junta fique no centro histórico e acrescentou que, dada a dimensão da freguesia urbana da Guarda – é a segunda maior autarquia do distrito, com cerca de 27 mil residentes e mais de 23 mil eleitores –, o seu presidente «tem que se focar em assuntos extra freguesia, como a conclusão da linha da Beira Baixa ou as obras do Hospital».

O executivo da freguesia

Facto inédito, além da tomada de posse dos 19 eleitos (13 da coligação PSD/CDS-PP, 5 do PS e um da CDU) para a Assembleia de Freguesia, o público assistiu à eleição dos seis vogais do executivo e da mesa daquele órgão, que será presidido por José Currais. A lista proposta por João Prata obteve 13 votos – tantos quantos os eleitos da coligação PSD/CDS-PP – e seis votos brancos, não havendo registo de votos contra ou nulos. Assim, o presidente da Junta vai ser coadjuvado por António Morgado Santos, António Júlio Fernandes, Helena Ravasco, Vítor Rebelo, Jorge Noémio e Isabel Martins. No passado sábado, na primeira reunião oficial da Assembleia de Freguesia, João Prata indicou António Morgado Santos para tesoureiro, que assume funções a tempo inteiro, e Helena Ravasco para secretária. Isabel Martins será a substituta do presidente, que também é deputado na Assembleia da República.

Luis Martins Fernando Cabral (PS) promete ser oposição «leal, franca e rigorosa» a João Prata

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