Arquivo

Joalto funda segundo maior grupo de transportes de passageiros do país

Associação com os franceses da Transdev garante cerca de 14 por cento do mercado, com predomínio no Norte e Centro

O grupo Joalto associou-se aos franceses da Transdev para formar o segundo maior operador de transporte de passageiros em Portugal. A Holding Joalto Transdev (HJT) foi formalizada oficialmente na passada sexta-feira e representará cerca de 14 por cento do mercado. José Luís de Almeida vai presidir ao Conselho de Administração, que terá três administradores de cada empresa, cabendo ainda funções executivas a Dominique Gauthier (da Transdev) e ao gestor da Joalto.

A HJT, em que a Joalto detém 50 por cento do capital da Transdev, e vice-versa, terá ainda de ser aprovada pela Autoridade da Concorrência, mas os seus responsáveis não acreditam que o novo grupo seja inviabilizado. De acordo com os promotores, a HJT passará a gerir uma frota de 1.370 autocarros e terá um volume de negócios de 95 milhões de euros, que deverá crescer 15 a 20 por cento até 2010. No total, a nova “holding” – com quatro regiões operacionais (Minho, Porto, Beiras Litoral e Interior) – vai ter 1.710 colaboradores, não estando prevista a redução de pessoal, garantem. «Estas sinergias permitirão rentabilizar o património, melhorar a oferta e serviço ao cliente e, até 2010, expandir a actividade entre 15 a 20 por cento», acrescenta José Luís de Almeida. Nesse sentido, as informações e venda de bilhetes passarão a funcionar em rede, integrando os horários das duas empresas. Com estas características, a HJT surge logo a seguir ao grupo Arriva/Barraqueiro como a segunda maior transportadora rodoviária nacional.

De resto, esta aliança reparte o mercado português. A Holding Joalto Transdev é dominante em grande parte do Norte e Centro do país, enquanto o Sul é maioritariamente da concorrente. Contudo, a HJT surge num momento de alta do preço dos combustíveis, o que está a preocupar os seus responsáveis. Citando o exemplo francês, José Luís de Almeida considera a questão decisiva: «A consagração do gasóleo profissional é fundamental para o sector, onde o preço do combustível já ultrapassa 30 por cento dos custos da actividade de transporte de passageiros», alerta, recordando as empresas deste sector operam «em grande concorrência e que, por isso, vivem com margens muito esmagadas». Além do gasóleo profissional, o administrador da Joalto considera ainda que em 2008 será também necessário aumentar o tarifário, quase inalterado em 2006 e apenas actualizado «pouco mais que a inflação» este ano.

Os protagonistas

Com uma frota de 782 veículos, a Joalto – Rodoviária das Beiras foi criada em 1929 na Guarda por José de Almeida Tonico. Actualmente, detém 16 empresas de transporte que operam na Beira Interior, Beira Alta, Beira Baixa, Beira Litoral, Douro Litoral e Minho. Facturou no ano passado 50 milhões de euros. Já a Transdev – um dos líderes europeus do transporte de passageiros – detém em Portugal a operação e manutenção do Metro do Porto e do Funicular dos Guindais (área que não está incluída na “joint-venture” com a Joalto). Desde 1997 que controla a Rodoviária da Beira Litoral, Rodoviária de Entre Douro e Minho, Caima Transportes, Minho Bus e Charline, num total de 588 veículos. Também as operadoras de longa distância Renex, Redex, Intercentro e Internorte são suas participadas, sendo que a Joalto também tem participações nestas duas últimas. A facturação da Transdev em 2006 foi de 45 milhões de euros no sector rodoviário e 40 milhões no ferroviário. Em termos de quilómetros percorridos, a Joalto apresenta 42 milhões, mais sete que a sua associada francesa.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply