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Isto só pode melhorar

Menos que Zero

Decorrem os últimos dias de um ano que não deixará saudades. As expectativas em relação a 2003 não eram grandes, é verdade. Mas no fundo, lá bem no fundo, todos esperavam que a crise passasse rapidamente. Infelizmente não foi assim. O ensino, a saúde e a justiça estiveram em “pé de guerra”, o desemprego aumentou, o investimento estagnou e o país caiu para o último lugar em todos os índices relacionados com a situação sócio-económica dos Quinze. Como se já não bastasse, os incêndios de Verão queimaram meio Portugal e a dupla pedofilia/corrupção minou a confiança dos portugueses nas elites do país. Temia-se um 2003 de recessão, sonhava-se com uma possível recuperação e acabou por se viver um ano de depressão.

Lá por fora as coisas não correram melhor. A pneumonia atípica matou milhares de pessoas na Ásia. A fome, a sida e a cólera continuaram a fazer vítimas em África e na América do Sul. A tuberculose e a guerra mataram milhares na Europa de Leste e os incêndios devastaram os EUA, o Canadá e toda a bacia mediterrânica. Registaram-se conflitos armados um pouco por todo o mundo e o ocidente viveu mais um ano sob a permanente ameaça do terrorismo.

É por tudo isto que, salvo pequenas excepções, 2003 não deixa saudades.

E enquanto dizemos adeus a este ano de má memória, fazemos votos de que 2004 seja melhor. Há dados que nos permitem acalentar alguma esperança. Os EUA estão em recuperação económica, alguns países da Europa dão os primeiros sinais de retoma, a Líbia anulou o seu programa de desenvolvimento de armas nucleares, o Brasil e a Argentina começam a sair da crise e a Europa de Leste continua a aproximar-se dos padrões de vida europeus.

Se os sinais que nos chegam do exterior permitem acalentar algumas esperanças, por cá não há grandes motivos de satisfação. Aliás, nem grandes, nem pequenos. Mas há uma esperança. Provavelmente, repito, provavelmente, Portugal já bateu no fundo. É bem possível que não consigamos ir mais para baixo e, portanto, estamos condenados a melhorar. Não é grande esperança, mas é a única que nos resta.

Bom Ano para todos.

Por: João Canavilhas

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