As empresas de cabos e componentes para automóveis da Guarda juntaram-se ao Instituto Politécnico, com o apoio da autarquia, para criar um curso técnico superior profissional (TeSP) de Indústria Automóvel. A formação vai arrancar no próximo ano letivo no IPG e servirá para colmatar a falta de mão-de-obra qualificada na região para esta indústria que emprega atualmente mais de 1.200 pessoas.
Este pode ser o primeiro passo para a criação de um centro tecnológico do “cluster” automóvel, que continua a crescer graças às mudanças geradas pela conetividade e pela condução autónoma. A autorização de abertura do curso na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) foi publicada no passado dia 4 em “Diário da República”. O despacho da Direção-Geral do Ensino Superior refere que o mesmo se destina a formar profissionais que possam «identificar e caracterizar os principais materiais utilizados na conceção de componentes para a indústria automóvel, com conhecimentos alargados sobre as principais tecnologias e processos de fabrico e respetivos sistemas de automação e controlo». Uma semana depois os responsáveis da Coficab, Dura Automotive, ACI e Sodecia rubricaram com o IPG e a autarquia a respetiva declaração de compromisso. «O curso nasceu nas empresas para o Politécnico. O que vamos ensinar é aquilo que os alunos precisam saber para responder aos objetivos elencados pelos profissionais», disse Constantino Rei. O presidente do Instituto guardense disse esperar que este TeSP abra em setembro e «com todas as vagas ocupadas».
É que os estudantes deste curso terão emprego garantido no final da formação. Isso mesmo sublinharam os representantes das empresas. «A falta de capital humano é a principal carência da Guarda, que tem uma das melhores localizações do país para atrair investimento», afirmou Fernando Grilo. O diretor da unidade da Dura Automotive admitiu mesmo que, com este projeto, vai conseguir «“vender” melhor» a fábrica de Vila Cortês do Mondego dentro do grupo. Também João Cardoso, diretor-geral da Coficab, que tem projetada uma nova unidade para plataforma logística destinada exclusivamente à nova geração de automóveis, assumiu que «este curso vai permitir formar pessoas para as nossas empresas e contribuir para fixar jovens na região, o que é estruturante para a Guarda». Gabriel Alves, diretor da Sodecia, que labora no parque industrial, acrescentou que «temos necessidade de pessoas com esta formação para crescer na Guarda», pelo que este curso é «uma garantia de emprego».
Já Fernando Amaral, diretor da ACI, também sediada no parque industrial da cidade, considerou que este acordo é o primeiro passo «de outros que se seguirão». O responsável aludia à possibilidade de criação na Guarda de um Centro Tecnológico do Setor Automóvel. O projeto está previsto no protocolo assinado na segunda-feira, pois os parceiros assumem o compromisso de «criação de sinergias necessárias para a construção de uma parceria estratégica, nos domínios da experimentação, investigação, inovação, formação e transferência de conhecimento e tecnologia nas áreas da indústria automóvel do concelho», lê-se no documento. A Câmara da Guarda contribui com o apoio financeiro, logístico e institucional às atividades que os restantes parceiros acordem desenvolver, nomeadamente a abertura de um Centro Tecnológico cujo principal objetivo será apoiar as empresas do setor «na sua modernização e adaptação de novas tecnologias nos seus produtos e processos de fabrico». Trata-se de um empreendimento mais arrojado que Álvaro Amaro disse começar com o curso a lecionar no IPG. «É uma primeira etapa para fixar pessoas e potenciar a hipótese dos mais jovens terem emprego, formação e dedicarem-se à investigação», afirmou o presidente do município, para quem esta cerimónia é «um momento histórico» para a Guarda.
IPG com nova residência de estudantes
Nesta sessão foi também assinado o protocolo de transferência para o IPG de uma residência de estudantes tutelada pelo Ministério da Educação. A unidade, situada junto à Secundária Afonso de Albuquerque, acolhe atualmente alunos do ensino secundário e vai receber estudantes do Politécnico no próximo ano letivo. «Esta transferência é um alívio porque as nossas residências têm estado lotadas nos últimos anos e o mercado de alojamento local não tem respondido às necessidades», afirmou Constantino Rei. Entretanto, o executivo guardense deliberou, por unanimidade, renovar o acordo de parceria e atribuir 30 mil euros ao IPG, mais cinco mil que no protocolo anterior, para apoiar a captação de estudantes estrangeiros.
Luis Martins
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