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IPG com 46 alunos estrangeiros no segundo semestre

Vêm da Turquia, Letónia e Polónia ao abrigo do Programa Erasmus e apontam a língua como principal obstáculo

Os jovens estrangeiros que vão estudar no Instituto Politécnico da Guarda (IPG) durante o segundo semestre deste ano lectivo lá se foram apresentando, um a um, numa sessão de boas-vindas promovida na passada quinta-feira pela instituição. Entre risos de nervosismo e alguma hesitação, ouviu-se, aqui e ali, os nomes e os países de origem. Sempre em inglês. Sentada na terceira fila do pequeno auditório, uma estudante de lenço negro na cabeça deixava poucas dúvidas quanto à sua origem e à fé que pratica.

«Venho da Turquia», confirmou Búsra Nur Karaarslan, num inglês carregado de sotaque. De Istambul mais propriamente. A jovem escolheu Portugal porque pretende vivenciar «uma experiência diferente num país distante», no âmbito do Programa Erasmus – que encoraja e apoia a mobilidade académica de estudantes e professores do ensino superior dentro da União Europeia. A Guarda acabou por ser uma escolha natural, visto que o estabelecimento de ensino que frequenta na Turquia tem um acordo com o IPG ao abrigo daquele programa. «O pior para todos os que aqui estão vai ser a língua portuguesa», antevê. A estudante turca está na Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto (ESECD) desde Outubro e por lá vai continuar para concluir o segundo semestre, à semelhança de mais 30 alunos estrangeiros. Actualmente, há 46 a frequentar as escolas do IPG, oriundos da Turquia, Letónia, Polónia e também de Espanha, sendo que 16 optaram por vir apenas no segundo semestre.

Ao fim de pouco mais de cinco meses na Guarda, “olá” e “bacalhau” são das poucas palavras que Busra sabe dizer. «Mas a cidade e as pessoas são agradáveis e por isso estou a gostar muito», refere. Ao seu lado, a compatriota Pinar Ústuner partilha da sua opinião e acrescenta que, para além da língua, a religião e o facto de não encontrarem muçulmanos por cá são outros factores que as fazem ter mais saudades de casa. Em certas aulas, há professores que vão alternando a língua portuguesa e a inglesa, o que lhes facilita a aprendizagem, notam. Para o vice-presidente do IPG, Fernando Neves, a integração passa obrigatoriamente pela frequência de um curso de português direccionado para os alunos Erasmus que a instituição disponibiliza. Além de um esforço pela aprendizagem da língua, este responsável entende que os estudantes estrangeiros devem «aproveitar todas as oportunidades para conviverem com os portugueses».

É o que tem tentado fazer Martina Lerito, da Polónia, que esta a frequentar a Escola Superior de Turismo e Hotelaria (ESTH), em Seia, há escassos dias. «Vim no fim-de-semana e foi festa na segunda à noite, festa na terça e festa na quarta», confessa a estudante, de ar satisfeito. A jovem realça que os colegas portugueses têm-se mostrado «muito disponíveis» para a ajudar a integrar-se no meio académico. A ideia é partilhada por Jamshid Turabekov, da Letónia, que no que diz ser uma «experiência muito longe de casa», também realça o apoio dos portugueses num país do qual até há bem poucos dias só conhecia o vinho do Porto e Cristiano Ronaldo.

Politécnico queria mais procura

O número de estudantes estrangeiros a frequentar o IPG neste ano lectivo é idêntico ao do ano passado, o que, para Fernando Neves, «não é positivo». A intenção do Instituto era ver subir este número, confessa o vice-presidente do Politécnico guardense. «Não temos mais estudantes estrangeiros este ano porque o curso de Mecânica não abriu», explica, ao notar que «houve grande procura nesta área, principalmente por parte dos espanhóis». Segundo o responsável, os estudantes Erasmus pretendem de forma similar os cursos da ESECD, da ESTG e da ESTH, mas «não têm revelado interesse» pela Escola Superior de Saúde.

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