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Investimento da Basmad em Pinhel ameaçado

António Ruas receia mais um «fracasso», após o recente encerramento de fábrica de confecções

Anunciada, inicialmente, para o passado mês de Abril, a abertura em Pinhel da “Woodport”, fábrica de aglomerados de madeira do grupo Basmad, poderá estar comprometida. A unidade deveria ocupar parte das antigas instalações da Rohde, no entanto, na sede da empresa, em Carregal do Sal, os ordenados de Maio não foram pagos, não há dinheiro para comprar matéria-prima e os 250 trabalhadores foram de férias forçadas. Neste cenário, António Ruas, presidente do município da “cidade-falcão”, admite estar «céptico» quanto à concretização do investimento e à criação de mais 200 postos de trabalho.

Após o fecho, no início deste mês, da fábrica de confecções “Ana e Raquel”, que laborou na antiga cooperativa de frutas de Pinhel durante 10 meses, deixando cerca de 60 mulheres no desemprego, o autarca reconhece ter «muito receio» que o investimento da “Woodport” possa ser «mais um fracasso». Realça, aliás, que, «com atitudes destas por parte dos empresários, temo muito que a fábrica já não venha a instalar-se em Pinhel», dispara, quando confrontado com a notícia do “Jornal de Notícias”, de dia 19. Contudo, António Ruas adianta que um dos motivos porque a empresa ainda não terá aberto a sua unidade de Pinhel prende-se com o facto das instalações «ainda não estarem concluídas». Mas acrescenta também que nunca teve «conversações directas» com o grupo Basmad, pois soube do acordo para a sua instalação na Rohde através do proprietário do espaço, o empresário António Baraças. Agora, dada a demora no arranque do projecto, o edil confessa que as «dúvidas» que já tinha quanto à efectiva concretização do investimento em Pinhel «aumentaram ainda mais» com a situação de férias forçadas na unidade de Carregal do Sal.

«Se estes receios não se confirmarem e a “Woodport” abrir, não acredito que o faça com os 200 funcionários previstos inicialmente», refere. Recorde-se que estava projectado o aumento para o dobro de funcionários nos seis meses seguintes à sua abertura. De resto, caso o pior cenário se efective, o presidente do município de Pinhel salienta que haverá que continuar a «procurar alternativas de investimento» para as antigas instalações da multinacional de calçado. Segundo uma fonte da administração da Basmad, citada pelo JN, as férias forçadas deveriam durar «só uma semana», responsabilizando a actual crise imobiliária em Espanha, para onde a empresa exporta 95 por cento da sua produção, por este momento difícil. Esta “folga” forçada estava previsto terminar na última terça-feira, quando a empresa contava ter concluído, «com êxito», negociações com vários investidores. Em causa estarão encomendas «no valor de 4,5 milhões de euros, isto só até Agosto».

A falta de dinheiro para comprar matéria-prima de modo a satisfazer todas as encomendas em carteira é, actualmente, o grande problema da Basmad, de acordo com aquele diário. Nesse sentido, os novos parceiros poderão resolver o problema da descapitalização, «financiando a empresa», acrescentou a mesma fonte, que assegurou que o futuro da fábrica e o seu projecto iniciado há quatro anos «não estarão em causa». Apesar das várias tentativas, O INTERIOR não conseguiu obter uma posição da Basmad sobre o investimento previsto para Pinhel e as dificuldades que atravessa actualmente.

Ricardo Cordeiro

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