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Investigação pré-clínica

Mitocôndrias e Quasares

Antes da aplicação em humanos, há uma etapa inevitável a que devem submeter-se todos os estudos de novos medicamentos. Trata-se da investigação pré-clínica, cujos protagonistas podem ser animais ou modelos in vitro. Estes modelos devem aproximar-se dos modelos clínicos, tanto quanto possível, pois da comparação das ações de um potencial medicamento neles dependerá a incorporação desse composto na lista de novos medicamentos que serão submetidos a ensaios em humanos.

Chama-se fase pré-clínica ao conjunto de estudos de laboratório (físico-químicos, toxicológicos, farmacológicos) que são efetuados para comprovar a segurança e a eficácia de novas terapias antes de as administrar aos doentes. Uma vez desenvolvida uma determinada hipótese de investigação (explicação ou teoria para saber como atua essa nova terapia) deve passar-se à fase de teste, em circunstâncias artificias, dentro de um laboratório. Podem passar muitos anos até se conseguir que os novos conhecimentos científicos obtenham a aprovação e se transforme numa nova terapia.

A indústria farmacêutica dedica-se ao desenvolvimento de novos medicamentos que apresentam melhorias terapêuticas, em comparação com os já existentes, a partir da descoberta de novos princípios ou de modificações nos já conhecidos, que permitam um menor risco e um maior benefício. Na investigação pré-clínica, pela qual todos eles devem passar para poderem chegar a transformar-se em novos medicamentos, são realizadas experiências em modelos animais ou em modelos in vitro que reproduzem os modelos clínicos com a maior aproximação possível, para comprovar as suas ações nos organismos.

Uma vez finalizadas as investigações devem apresentar-se os resultados às autoridades competentes, que autorizam ou não, a continuação com a fase de ensaios clínicos. Só depois do composto em estudo ser identificado como medicamento potencial, com pelo menos uma indicação, e de se ter avaliado a sua possível toxicidade, se consegue a aprovação para avançar com estudos em humanos.

Passos da fase pré-clínica

Para começar deve obter-se uma quantidade aceitável de composto que se vai analisar, seja através da sua produção por via sintética ou da sua extração de fontes naturais. Estas amostras serão utilizadas para realizar os diversos ensaios da fase pré-clínica.

Em primeiro lugar, são efetuados estudos de farmacodinâmica, para determinar os efeitos e os mecanismos de ação do fármaco no organismo. Em segundo lugar seguem-se os estudos de farmacocinética, que têm como objetivo determinar as formas de absorção, distribuição, metabolismo e excreção.

Em terceiro lugar, os estudos de toxicologia. Esta fase inclui três tipos de estudos: toxicidade aguda, subaguda e crónica.

Para avaliar a toxicidade aguda do fármaco administram-se determinadas doses em animais pequenos, pois muitas autoridades reguladoras exigem a realização destes ensaios de toxicidade em, pelo menos, duas espécies de roedores e uma espécie não roedora.

Uma vez obtidos os resultados dos ensaios de toxicidade aguda avalia-se a toxicidade subaguda para procurar estabelecer as doses tóxicas mínima e máxima toleradas. Procura-se identificar fenómenos de acumulação e tolerância. Por último, nos casos em que seja pertinente, passa-se à etapa de ensaio de toxicidade crónica. Estes estudos realizam-se somente com fármacos que serão utilizados de forma crónica para investigar os seus efeitos a longo prazo nos animais. Os ensaios de toxicidade crónica são os que implicam um maior esforço de investigação, pois os animais devem ser monitorizados por mais tempo, consome-se mais fármaco, é necessário mais trabalho de técnicos e profissionais especializados. Por este motivo, a etapa de avaliação de toxicidade subaguda costuma ser abreviada ou limitada.

É interessante saber que estes estudos são de crucial importância para os doentes e a para a sociedade permitindo uma maior e melhor qualidade de vida.

Por: António Costa

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