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Intervenção privada no centro histórico da Guarda pode arrancar no Verão

Projecto de requalificação entre o Passo do Biu, Rua do Torreão e Avenida dos Bombeiros deverá dar entrada na autarquia na próxima semana

O projecto de intervenção do empresário Jorge Leão num quarteirão do centro histórico da cidade deverá dar entrada na Câmara da Guarda no decorrer da próxima semana. Se tudo correr dentro dos prazos previstos, os trabalhos de recuperação, remodelação e ampliação a levar a cabo numa área aproximada de 3.000 metros quadrados, repartidos por várias casas e alguns barracões do Passo do Biu e Rua do Torreão, deverão arrancar no próximo Verão. Também a parte exterior da muralha da cidadela, na Avenida dos Bombeiros Egitanienses, vai ficar de “cara lavada”.

Recorde-se que Jorge Leão adquiriu no ano transacto uma vasta zona no centro histórico da Guarda com o objectivo de criar uma área para habitação, comércio e serviços. O projecto de intervenção é da autoria dos arquitectos João Rafael e Joaquim Carreira, estando-se actualmente a ultimar alguns pequenos pormenores, mas tudo indica que o documento dará entrada na autarquia da Guarda no decorrer da próxima semana. De resto, de acordo com várias reuniões de «carácter informal» realizadas com a Câmara, Instituto Português de Património Arquitectónico (IPPAR) e PolisGuarda, onde o projecto foi dado a conhecer, não foi colocado «qualquer entrave» às ideias apresentadas, indica Jorge Leão. Daí que o empresário alimente a legítima «expectativa de que o licenciamento seja relativamente rápido», uma vez que se trata de um projecto «bastante grande» para levar a cabo no centro histórico da cidade. O objectivo passa por iniciar os trabalhos durante o Verão, mas tal só será possível «se não houver entraves e se o licenciamento for rápido», espera o empresário, que prefere não falar, por enquanto, nas verbas que um investimento deste tipo implica visto ser «ainda prematuro» falar em números, sublinha.

O investimento será repartido em diferentes partes, tendo sido dada «”luz verde” aos arquitectos para fazerem um trabalho rentável, mas digno sob o ponto de vista arquitectónico», garante Leão. Desta forma, a primeira etapa desenvolver-se-á no Torreão, a zona mais alta do centro histórico, onde o empresário pretende recuperar algumas paredes em granito para construir a sua própria residência, num espaço que se encontra actualmente abandonado. O projecto será do arquitecto João Rafael e assenta na recuperação de uma importante zona para habitação para criar um espaço de qualidade, aproveitando a magnífica vista panorâmica sobre parte da cidade. Nesta zona, Jorge Leão diz que não quer utilizar betão, mas sim materiais como o granito, madeira, aço, alumínio e ferro.

Avenida dos Bombeiros de “cara lavada”

Já a segunda parte do investimento terá lugar no Passo do Biu onde um conjunto de quatro casas, localizadas no lado Este do largo, serão requalificadas num projecto de arquitectura de Joaquim Carreira. Esta intervenção visa a criação de lojas comerciais e habitação de qualidade entre o largo e a muralha. Contudo, os objectivos do empresário para aquela zona não passam pela venda dessas casas, mas sim pelo arrendamento das zonas de habitação e de serviços. Uma «novidade» em relação ao projecto inicial, que “O Interior” revelou em Setembro de 2003, acaba por ser a criação de uma «zona semi-pública» entre a futura residência de Jorge Leão e o Passo do Biu. Mesmo ao lado da habitação será construída uma estrutura para acolher um serviço de bar e que servirá simultaneamente de «miradouro» para o público poder desfrutar da bela vista. Já na Avenida dos Bombeiros, o espaço hoje ocupado com hortas será todo transformado com o alargamento do passeio e a criação de uma «ampla frente transparente» para acolher espaços comerciais. Quanto à muralha da cidadela será alvo de renovação, continuando a ocupar um lugar de destaque na avenida. Nem o facto de várias casas do conjunto adquirido continuarem a ser habitadas abala o optimismo de Jorge Leão, já que os inquilinos encontram-se actualmente a pagar uma renda «irrisória» que será «devidamente actualizada» depois das obras de restauro. «O projecto não se torna inviável pelo facto dos inquilinos obstarem a ele, porque têm espaço onde ficar», garante Jorge Leão, para quem isso será «uma questão de dialogar».

Ricardo Cordeiro

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