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Instituições públicas da região “apertam o cinto”

Reduções orçamentais têm obrigado os principais gestores públicos a efetuar alguns cortes

A situação atual de contenção de despesas no país, fruto da conjuntura de crise política, também já se começa a refletir na região. Sujeitas aos cortes orçamentais já efetuados pelo Governo, algumas das principais instituições públicas da Guarda e Covilhã mantêm políticas apertadas de contenção, enquanto aguardam “mão pesada” da “troika”.

«Neste momento estamos a trabalhar em função do Orçamento de Estado. Há algumas limitações, estamos a fazer uma gestão em função dessas limitações», revela o presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), apesar de adiantar que «não há problemas de maior para executar aquilo que tinha sido previsto». Já quanto ao futuro, Constantino Rei é mais cauteloso e diz estar «atento a eventuais medidas que venham a ser aprovadas e que nos possam afetar». Nesse sentido, a dispensa de alguns professores poderá ser uma realidade para o próximo ano letivo. «O grosso da nossa despesa diz respeito ao pessoal e isso significará não contratar ou não renovar contratos com o pessoal docente se as restrições orçamentais que nos forem impostas nos obriguem a tal», avisa o responsável.

Também a GNR se tem visto confrontada com algumas limitações orçamentais, mas «que se direcionam sobretudo para cortes em despesas que não ponham em causa a presença da GNR nas ocorrências», assegura o coronel Monteiro Antunes. O comandante da GNR da Guarda admite que «algumas das ações de natureza preventiva tenham que ser repensadas, por forma a não causar gastos sem haver um proveito efetivo das missões». O responsável explica que haverá «menos concentração de meios em determinadas operações, mas garantiremos sempre a presença de patrulhas na sua missão geral, preventiva e fiscalizadora e em ocorrências de cariz policial», garante. Também se têm feito sentir alguns cortes ao nível da utilização do papel, telefone e fax. O mesmo tipo de cuidados relacionados com o material, água, luz e telefone têm sido verificados na ULS da Guarda, «mas isso tem que ver com a gestão, não está relacionado com a receita», lembra o presidente do Concelho de Administração. Fernando Girão garante estar «tudo controlado», mas lembra o «rigor» que tem de ser seguido nesta conjuntura. «É a nossa obrigação como gestores públicos», defende.

«É um pouco prematuro, porque até ao final do ano outras medidas surgirão, mas a situação atual é relativamente estável. Para já temos conseguido cumprir os compromissos e alcançar os objetivos». Esta é a garantia deixada pelo reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã. João Queiroz refere que as estratégias da instituição para fazer face à situação atual passam por «diversificar receitas, obtendo mais fontes de financiamento através de projetos com empresas e financiamentos de projetos de investigação e de cooperação transfronteiriça, e conter as despesas». A UBI também tem vindo a diminuir «os custos fixos e gerais, com o plano de contenção que temos implementado». Na GNR da Covilhã tem-se procurado, «através de um bom planeamento, fazer a melhor gestão dos nossos meios, materiais e humanos, dispondo-os no terreno da melhor forma possível, para continuarmos a cumprir a nossa missão diária», assegura João Sousa.

O comandante explica que as patrulhas são «agora, mais do que nunca, enviadas para o terreno com objetivos bem definidos». Tal como nos casos anteriores, também aqui os cortes ao nível da água, luz, gás e consumíveis têm sido uma realidade. «Se já tínhamos o cuidado de não esbanjar meios, agora isso é redobrado», revela. «Aquilo que fazemos, e não é só de agora, é ter rigor nos gastos». O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira fala com orgulho do percurso das contas da unidade hospitalar ao longo dos últimos seis anos. «Tanto que temos reduzido o nosso deficit substancialmente, sem diminuir a qualidade do serviço que estamos a prestar», garante. João Casteleiro refere que «tudo aquilo que tenha a ver com os doentes não podemos poupar, mas há outras coisas, como a água ou a eletricidade, em que é possível fazer uma maior contenção», frisa.

Rafael Mangana Apesar da crise, deficit do Hospital da Covilhã tem sido reduzido nos últimos seis anos

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