Arquivo

Inovação e qualidade são os trunfos da Licores Serrano

Apesar dos pagamentos atrasados, empresa consegue manter-se estável num panorama de crise generalizada

A qualidade dos produtos, da imagem e o preço são as razões para a estabilidade da “Licores Serrano, Lda.”, a primeira empresa a instalar-se no Parque Industrial do Tortosendo. Pioneira naquilo que produz – bebidas espirituosas ligadas a produtos da Serra da Estrela e do Planalto Beirão –, esta sociedade está no mercado há 10 anos, conseguindo manter até hoje uma posição estável mesmo em momentos de crise generalizada.

Artur Aleixo, sócio maioritário, começou em nome individual com uma micro-empresa de distribuição de bebidas, mas as grandes superfícies vieram abanar o ramo e o empresário procurou um projecto «inovador» ligado a «algo que faltava»: a criação de produtos relacionados com a região. Assim nasceu a “Licores Serrano Lda.”, aproveitando as «mais-valias do interior», sobretudo o ar puro, a água, a pouca poluição e o ambiente. Contabilizou também o fluxo turístico da Serra da Estrela e denotou que havia uma «falha» na oferta de produtos genuínos. A empresa começou então por criar uma garrafa com características artesanais, empalhada, com o aroma do zimbro: a “Aguardente Zimbro”, produzida à base daquela planta das altas montanhas, e o “Licor Serrano”, à base de leite e aromas retirados de várias plantas da Serra da Estrela. «As primeiras produções não chegaram para a procura», recorda Artur Aleixo. E, apesar da qualidade «extraordinária», houve a necessidade de implantar uma nova organização e outros processos com rigoroso controlo de qualidade e «elevadas produtividades». Lançaram-se novos licores e espirituosos com aromas retirados da ginga, medronho, amêndoa, mel e cereais: Ginja Descobrimentos, Amêndoa Amarga, Anis, Foral do Barão e as miniaturas das Aldeias Históricas da Montanha.

A «boa imagem e apresentação» são os elementos mais preservados na empresa, porque nos licores «também há modas» e a “Licores Serrano, Lda.” quer liderar o mercado, havendo já muitas empresas do género a «imitar-nos». A concepção da imagem das garrafas e dos rótulos é criada por Artur Aleixo que, sendo da região (Peso), consegue idealizar sempre algo «inovador». «Não podemos parar porque as pessoas também exigem mais», confessa o empresário, satisfeito com o facto de não ter concorrência directa e possuir um nicho de mercado próprio onde «não entram os chineses».

Crise nos pagamentos

A criação de novos produtos é uma constante na empresa que conta com nove funcionários: três na linha de enchimento, um chefe de produção, dois comerciais, dois administrativos e um contabilista. Ali se produzem as bebidas, engarrafa-se e vende-se ao público, numa grande variedade de produtos. Além dos regionais, destaque para a vodka, tequila, gin, rum, absinto, “Vinho do Porto Zimbro” e os whiskies King Arthur e Gold Queen, importados da Escócia e engarrafados no Tortosendo.

O seu principal mercado é o nacional, mas também exporta para França, Suíça, Alemanha, Canadá e brevemente EUA, direccionando os produtos para a comunidade portuguesa. Já as garrafas e embalagens são importadas de Espanha e Itália, porque em Portugal «não há nenhuma empresa que faça garrafas diferentes», lamenta-se. Apesar de estável, a crise económica também é sentida sobretudo nos pagamentos e «não nas vendas, nem nos produtos», como na maior parte dos casos. «As pessoas não têm dinheiro», frisa Artur Aleixo, referindo que «se o primeiro não paga, os outros também não». Por isso, têm «muito dinheiro na rua» para receber. O empresário diz que quem enviava o cheque ao fim dos 30 dias, hoje já só avisa aos 90 e «para dizer que enviam um pré-datado». O facto de estar no interior do país não o aflige, pelo menos enquanto não houver portagens para chegar ao litoral. Caso isso aconteça, a “Licores Serrano, Lda.” perderá mais de dez mil euros/ano só em transportes, porque os seus clientes «estão todos fora», refere, lamentando o facto de não haver uma política de desenvolvimento para que se invista mais no interior.

Rita Lopes

Sobre o autor

Leave a Reply