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Influenza

Mitocôndrias e Quasares

Com o outono já em modo “cruzeiro” começam a surgir as primeiras gripes, ou melhor, os primeiros sinais da presença do vírus influenza. Por isso nada melhor do que dedicar o texto de hoje para aprofundar os nossos conhecimentos sobre estes seres vivos. Ou será que não podem ser classificados como seres vivos?

Durante muitos anos debateu-se qual seria a classificação mais adequada para os vírus, uma vez que existiam muitas dúvidas na comunidade científica. Por exemplo, no caso de um diamante ou de um bloco de granito não há dúvida que pertencem à natureza inanimada, do mesmo modo que um girassol, uma bactéria, um cavalo e um homem fazem parte da natureza animada. Contudo, no que concerne ao vírus a resposta, ao longo dos anos, não tem sido muito clara.

Os vírus não têm uma característica própria dos seres vivos: não têm metabolismo próprio e, com as moléculas da natureza inanimada, podem agrupar-se numa determinada ordem formando cristais, analogamente ao sal comum. Cada “molécula” desse cristal de vírus é constituída, por sua vez, por outras moléculas unidas simetricamente, quer dizer, pelo ácido nucleico e a sua correspondente capa proteica.

Apesar disso, não podemos afirmar que os vírus pertencem à natureza inanimada, pois em determinadas condições, como quando atacam uma célula viva, desenvolvem uma actividade surpreendente.

Devido a esta posição especial, entre a natureza inanimada e animada, atribuiu-se aos vírus, no início, uma “vida emprestada”. Hoje em dia, contudo, muito biólogos moleculares não consideram necessário atribuir aos vírus uma posição especial, pois na natureza animada há também outros organismos que não têm metabolismo próprio, como as formas permanentes das bactérias e esporos. Também existem outros organismos mais desenvolvidos, como os parasitas, que não conseguem proliferar fora do seu anfitrião, e que se parecem muito com vírus, só desenvolvendo a sua actividade biológica em determinadas células. Ao contrário daqueles, a dependência dos vírus do metabolismo da célula não é parcial, como na maioria dos parasitas, mas total.

A arquitectura dos vírus

Todos os vírus são constituídos por ácido nucleico (ou por vários fragmentos) que, na maioria dos casos, é desoxirribonucleico e em alguns ribonucleico, e por várias proteínas que o rodeiam como uma capa invólucro. Algumas proteínas podem vir da célula hospedeira e incorporam-se no invólucro viral. O ciclo viral estudou-se fundamentalmente como a ajuda dos bacteriófagos, quer dizer, vírus que se multiplicam no interior das células bacterianas.

No caso do vírus influenza ou gripe a sua estrutura compreende uma capa proteica revestida por um capa lipídica que envolve o genoma. Existem diferentes tipos de variações proteícas da partícula, que se revelam de extrema importância já que podem ajudar a invadir o sistema imunitário do hospedeiro. Ao contrário de outros vírus que têm um raio de acção muito limitado, o vírus influenza pode adquirir diversas variantes que infectam outras espécies animais, daí ser recorrente ouvir falar da gripe suína ou da gripe das aves.

Como curiosidade final, é de referir que os vírus representam a maior diversidade biológica do planeta, sendo mais diversos que bactérias, plantas, fungos e animais juntos.

Por: António Costa

Imagem do virus Influenza, também conhecido por H1N1.

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