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Independentes, mas pouco

Editorial

1. Mais de 80 candidatos às câmaras municipais avançam sem apoio de partidos às eleições autárquicas de 29 de setembro, mas têm de recolher assinaturas – consoante o número de eleitores do concelho – e formalizar a entrega das candidaturas até 5 de agosto no tribunal da comarca respetiva. Na sua maioria, são autarcas desavindos com os partidos por que foram eleitos antes.

Em Matosinhos, nas próximas eleições autárquicas, o PS optou por candidatar o líder da concelhia, António Parada, e o ainda presidente da Câmara avançou sozinho. Em Aveiro, o atual autarca, Élio Maia vai como independente, depois de o PSD ter escolhido Ribau Esteves, que está a terminar o terceiro mandato à frente da Câmara de Ílhavo. Em Oeiras, o presidente Isaltino Morais foi eleito pelo movimento “Isaltino Oeiras Mais à Frente”. O autarca foi detido no início de abril, mas o vice-presidente da Câmara, Paulo Vistas, vai candidatar-se às eleições com o mesmo movimento, contando com Isaltino como o candidato à presidência da Assembleia Municipal, mesmo estando na prisão…

2. Na Covilhã, há uma candidatura independente, a de Pedro Farromba, que resulta de uma situação extraordinária: Carlos Pinto perdeu a concelhia do PSD e deixou de poder controlar as opções do partido. Como consequência, afastou-se do partido e promoveu o vereador e dirigente do Parkurbis, que passou a ser o rosto mais visível ao lado do ainda presidente da Câmara. Farromba avançou como candidato “independente” de costas voltadas para o partido e com o beneplácito de Pinto e de todos os que gravitam à sua volta. Entretanto, o PSD escolheu Joaquim Matias e, com a direita dividida, é o candidato socialista Vítor Pereira quem se vai galvanizando ao ver cada vez mais perto o regresso do PS à cadeira maior da Câmara da Covilhã.

3. Na Guarda, deverá haver dois candidatos sem apoio partidário: Virgílio Bento e Baltasar Lopes. O primeiro, como oportunamente aqui se comentou, avançou com a sua candidatura quando o PS não o escolheu. O então vice de Valente tinha “tudo” orquestrado para avançar com sucesso, mas os militantes tiveram outra opção. Avança com apoios alargados na sociedade, em especial na cidade, e desde logo levando em segundo lugar o até então putativo candidato do PSD, Manuel Rodrigues. Baltasar Lopes foi presidente da Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa eleito pelo PSD, depois independente com o apoio do PS e agora deu um passo maior do que a própria perna ao candidatar-se à Câmara como independente. O seu momento zénite foi a apresentação no Parque Urbano.

4. O PS da Guarda é quem está mais preocupado com o emergir da candidatura “A Guarda Primeiro” (de V. Bento). Por isso, e depois de uma fase inicial em que os socialistas falavam do concelho como um feudo (Curto chegou mesmo a afirmar com contundência que a Guarda era politicamente propriedade do PS), perceberam que o mundo tinha mudado e que os guardenses começavam a estar fartos dos esquemas urdidos na sede do PS em benefício de uns poucos e com prejuízo de todos. José Igreja asseverou que iria fazer uma limpeza, mas na prática ficava a sensação que estava amordaçado e subjugado aos pequenos interesses dos que vivem na completa dependência do partido – e são muitos – e que o rodeavam constantemente. O candidato, como aqui afirmámos há duas semanas, tinha de fazer uma inflexão. Confirmado Joaquim Carreira no segundo lugar, fez uma escolha pessoal para terceiro, a de Graça Cabral, contrariando todas as pressões (inclusive a de Valente, que “exigia” Elsa Fernandes). A advogada regressa à atividade política depois de uma curta experiência com Ana Manso na Assembleia Municipal e irá afirmar-se como um elemento determinante na candidatura. Quando todos apontavam fragilidades à candidatura de José Igreja, o advogado nivela por cima, e consegue que o partido cerre fileiras à sua volta. (Para esclarecimento do leitor, aclarar que Graça Cabral foi candidata a vice-presidente da ACG – Associação Comércio e Serviços do Distrito da Guarda numa candidatura liderada por mim em 1997).

Luis Baptista-Martins

Comentários dos nossos leitores
Miguel Pereira migper@gmail.com
Comentário:
“é o candidato socialista Vítor Pereira quem se vai galvanizando ao ver cada vez mais perto o regresso do PS à cadeira maior da Câmara da Covilhã.” Sr. Luís Martins, não pode estar mais equivocado! Vitor Pereira não consegue galvanizar seja quem for, nem sequer ele próprio. No dia 29 de Setembro, veremos Joaquim Matias ser eleito presidente da Câmara da Covilhã. E sem grande dificuldade.
 

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