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Indemnizações compensatórias

crónica POLÍTICA

O período estival já lá vai e a nova época deu já o pontapé de saída.

Desse período estival todos retemos a “monstruosidade mediática” da campanha pelos roubos, assaltos e quejandos. Realmente à falta de melhor foi aquele o tema escolhido. Mas rapidamente aí vieram os defensores da causa governativa a afirmar que afinal a “monstruosidade mediática” era uma campanha orquestrada contra o governo e não se passava nada de anormal pois era mesmo o normal quotidiano luso. O guardião-mor do reino nem se precipitou com qualquer vocábulo. Contas feitas temos então por aí umas pândegas quadrilhas a quem os inefáveis servidores do guardião-mor prestam o exemplar serviço facilitando-lhes a saída das cadeias, ou melhor, logo dos tribunais. Poupa-se combustível e alimentação.

Na justiça como na educação é a “xoxológica” teoria da desculpabilização social trocada por uma folha de estatísticas limpas. Nada de retenções e menos de detenções; aí está o prometido oásis social igualitário e solidário de todos com todos. Nunca um governo dito de esquerda moderna prestou tanto serviço em tão pouco tempo às ultrapassadas teorias do ensino privado. No que à justiça se reporta convenhamos que a luminosa ideia de super-cadeias vai no mesmo sentido dos super-agrupamentos escolares. Tudo grande, tudo tecnológico, mas até aí a cidade da Guarda viu passar a super-cadeia para Castelo Branco. O tempo esclarecerá o que se passará com a nossa…

Mas o interiorcídio vai no início e leva já umas “boas decisões”. A política de justiça e a política educativa revelam-se bem ilustrativas da flacidez do modelo governativo que nos calhou. Pelas cadeias e pelas escolas quanto menos tempo por lá andar-se tanto melhor para o orçamento nacional. A seguir regressa a emigração…

Da época estival recordo-me de uma boa notícia vinda de um “país” alcandorado sob o mar a revelar-nos os milhões e milhões (??!!) que esse “país” vai receber por não ter tido o suposto e estudadíssimo aeroporto da OTA. É mesmo a política virada do avesso e do avesso tínhamos nós de ficar com esta pose de subjugação à geografia eleitoral.

Assim vai ser difícil o município da Guarda diminuir o seu passivo que aliás tão bem tem sabido ajudar a crescer.

Já lá vão uns bons milhões de euros a mais do que aqueles que herdaram dos seus bons amigos mas… a sociedade tirita com o Outono molhado que gratuitamente consola as terras para a fertilidade primaveril de 2009, o ano de todas as escolhas eleitorais.

Não é muito difícil convocar dois ou três exemplos de municípios limítrofes que no mesmo quadro de dificuldades económico-fineiceiras revelam outro dinamismo em prol das suas comunidades.

Sejamos também um pouco condescendentes e afirmemos que não sendo tudo, alguma coisa é o governo central e amigo responsável pelas agruras municipais guardenses.

Ele há milhões e milhões mas estão bem orientados e mal distribuídos, pesam apenas para o mesmo lado. Assertivamente os “amigos” que temos em Lisboa manifestam-se e anotam-nos um futuro cheio de brumas e névoas.

Vão deixar o País ainda mais assimétrico e quanto isso não bastasse e custasse deixam claro que é escuro apostar na troca por viver nas nossas boas paragens.

Fala-se nos apoios do QREN, agigantam-se linhas de desenvolvimento mas, depois, pela análise fina dos dados efectivos conclui-se pelo deficit da acção e superávit de engenhosos e palavrosos ditos.

Lê-se que o turismo é um sector de boas perspectivas futuras. Aí observamos que a actividade termal poderá auxiliar essa tarefa mas os níveis de apoio a esses avultados investimentos são miseráveis deixando os municípios quase esganados a recuperar para dois / três mandatos da acção meritória que tiveram ao investir nessa linha estrutural de desenvolvimento.

Aqui os investimentos mais estruturais, sejam privados ou públicos, têm de ser majorados e muito mais majorados. Não são 60% ou 75% terão de ir aos 90% / 95% de majoração.

Também o grande investimento no ensino superior politécnico da década de 80 dá a ideia de querer ser amarfanhado e espezinhado pelos do costume…

Deu-se gente em força para a guerra colonial, deu-se gente em força para o litoral e para a Europa, deram-se boas contas bancárias, dá-se água a jorros e sem taxas a outras urbes portuguesas.

A solidariedade continua a ter um só sentido, dar e calar para poder receber umas migalhas e assentar nos corredores governativos o preço de um silêncio que amolece consciências e paralisa vontades.

Esta, será provavelmente, uma das linhas de acção governativa que recordaremos quando a história falar desta última legislatura.

Por: João Prata *

* Presidente da concelhia da Guarda do PSD

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