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Incêndios destroem zonas protegidas

Áreas protegidas são dez por cento da área ardida em Portugal

Mais de 20 mil hectares de áreas protegidas arderam este ano em Portugal, o que representa cerca de 10 por cento do total dos terrenos afectados pelos incêndios, segundo estimativas reveladas na semana passada pelo Instituto da Conservação da Natureza. No total, os incêndios devastaram este ano cerca de 215 mil hectares, área quase equivalente à do Luxemburgo, batendo o recorde dos últimos 23 anos, de acordo com estimativas «grosseiras» apresentadas pela Direcção-Geral de Florestas (DGF). Das áreas protegidas, o Parque Natural de São Mamede foi dos mais afectados, já que 29 por cento da sua área foi atingida pelos fogos florestais. No Parque Natural de Serra d’Aire e Candeeiros ardeu sete por cento da área total e no Parque Natural da Serra da Estrela os seis mil hectares afectados correspondem a 5,7 por cento dessa área protegida.

O único Parque Nacional português, o da Peneda-Gerês, também foi atingido pelos incêndios, que queimaram 260 dos seus 70 mil hectares. Os parque naturais do Alvão, Douro Internacional, Ria Formosa, Sintra-Cascais, Vale do Guadiana, Tejo Internacional e Montesinho e as reservas naturais da Serra da Malcata e do Paul do Boquilobo foram outras áreas protegidas afectadas pelas chamas. Estes dados provisórios do ICN correspondem a incêndios deflagrados entre o início do ano e terça-feira da semana passada. Entretanto, sublinhando as preocupações com a conservação da natureza, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) avisou que mais de dez áreas identificadas a nível internacional como Zonas Importantes para Aves foram afectadas pelos incêndios florestais que lavram há mais de duas semanas em Portugal. «As perdas mais significativas para as aves verificam-se ao nível da destruição de áreas de montado de sobro, de azinho e de carvalhais», dizem os responsáveis da SPEA. Entre os efeitos directos está, além da mortalidade pelas chamas, a destruição dos ninhos. «Nos efeitos indirectos, com consequências a longo prazo, incluem-se a diminuição do alimento para as espécies predadoras e a redução das zonas de abrigo e reprodução», alertou ainda a SPEA.

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