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Inácio “mãos de aço”

Guarda-redes do campeão Fornos de Algodres foi o menos batido do Distrital da Guarda

Aos 23 anos, Francisco Inácio, guarda-redes do Fornos de Algodres, foi o menos batido do Distrital com apenas 16 golos em 25 jogos, apresentando uma média de 0,64, igual à de Nuno Morais, do Mileu. Tímido, mas confiante das suas potencialidades, o jovem guardião acredita que pode repetir as boas exibições no Nacional da IIIª Divisão, já que deverá continuar a defender a baliza do clube da sua terra. Naquela que foi a sua primeira época em que jogou regularmente como titular, Inácio agarrou com “unhas e dentes” a oportunidade dada pelo técnico Paulo Barra e não defraudou as expectativas.

Naturalmente satisfeito por ter sido o menos batido do Distrital, o guarda-redes, que muito contribuiu para que o Fornos fosse a melhor defesa da competição, destaca o trabalho da equipa nesta conquista individual. Trata-se de uma distinção «bastante gratificante», que reflecte o «trabalho e empenho» pessoal, mas também de «toda a equipa», diz, realçando que uma boa defesa «ajudou muito». Inácio esteve «praticamente parado» nos últimos três anos, quando estava habituado, desde as camadas jovens, a jogar regularmente. Apesar de ainda ser bastante novo, o atleta adianta que não pensa chegar «muito mais longe» que a IIIª Divisão, não porque não se sinta com capacidades para tal, mas por causa de aspectos físicos: «Não sou muito alto (1,78 m), o que dificulta um bocado as coisas», admite. No entanto, sempre confessa que «toda a gente tem a ambição» de chegar à Superliga, até porque existem vários exemplos de bons guarda-redes que não são muito altos, caso do excêntrico mexicano Jorge Campos. Fazendo um auto-retrato, o jovem guarda-redes considera-se «bastante calmo», o que «transmite tranquilidade à equipa», e gosta de ser amigo das pessoas, uma característica que ajuda «na relação com os colegas dentro de campo».

Em contrapartida, a timidez é um dos seus maiores defeitos, algo que se agravou com o pouco tempo de jogo que teve durante três temporadas. Contudo, nesta época em que foi o guarda-redes menos batido do Distrital, Inácio garante que começou a sentir-se «muito mais à vontade» com os jogos. O jovem guarda-redes fez toda a sua carreira no Fornos, onde começou aos 10 anos, e assim deverá continuar, já que dá prioridade ao clube da terra, cujos responsáveis já lhe transmitiram que estão a contar com ele para o Nacional. Um escalão que conhece bem e que considera bastante «mais difícil» que o Distrital, mas com «trabalho» e as suas «qualidades» acredita que tem condições para realizar um bom campeonato. «Sei das minhas limitações, mas também conheço as minhas qualidades, sei onde posso chegar e acredito que posso continuar a titular. Caso contrário não andamos lá a fazer nada», reforça. Inácio elege quatro guarda-redes como «grandes referências» no futebol actual: Vítor Baía e Moreira, em Portugal, o espanhol Casillas e o italiano Toldo. E até é favorável à chamada do guarda-redes do Futebol Clube do Porto à selecção nacional em detrimento de Ricardo, «que também é bom guarda-redes, só que costuma falhar um pouco e neste momento está em baixo de forma, enquanto que o Baía, com a experiência que tem, transmite muito mais confiança à equipa», considera.

Estudante de Psicologia em Viseu, o guarda-redes menos batido do Distrital da Guarda diz que é «relativamente fácil» conciliar os estudos com o futebol. A morar em Fornos, demora em média «30 a 40 minutos» até Viseu, onde tem aulas três a quatro dias, ficando livre por volta das 18 horas, e tendo em conta que os treinos se realizam cerca de uma hora mais tarde «dá perfeitamente». Aliás, quando precisa de tempo para estudar, «é sempre mais fácil faltar às aulas do que aos treinos», confidencia.

Ricardo Cordeiro

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