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Imagina

Bilhete Postal

Imagina que eu, homem, me vestia de mulher e ia trabalhar pintado com estrelas na face. Dizias que era louco e até podias tirar-me o emprego por insanidade. No entanto, isso era uma brincadeira inofensiva ao pé de Darfur e ninguém lhes fez nada. Imagina que a tua filha casava com outra mulher e pedia adopção de crianças. Deserdada e mandada embora de casa descobria que os violadores de crianças estão soltos ao fim de seis a sete anos de cadeia. Imagina que eu fumava no restaurante e me punham uma multa e eu não pagava e ia preso de seguida. Preso entre traficantes de droga com penas menores que a minha, com assassinos da mãe com penas menores que a minha. Há imensa discrepância entre o crime e a punição, imensa insanidade entre a multa e a delinquência. Há tanta gente que roubou o Estado, que não cumpriu a lei, que não foi correcta com o próximo e sai impune, e tantos que vencem situações que deviam ser penalizadas. Facínoras não foram presos, assassinos foram dados por dementes e libertos… e nós a chatear os comportamentos que chamamos estranhos. Vamos lá concentrar nestas bizarrias da justiça e contribuir para uma reforma normativa que tenha por base os direitos fundamentais.

Por: Diogo Cabrita

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