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Ilusões

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Perceber é um acto de integração de uma ideia ou de uma imagem que transporta em si mesma um conjunto de estruturas e de pré-existências físicas, educacionais e ambientais, o que provoca uma complexa aprendizagem subjectiva. Nós, que dependemos dos olhos e do cérebro para ver, integramos as dimensões dos objectos dependentes destes órgãos e conhecemos (ou reconhecemos) as realidades sempre dependentes de funcionalidades que não podemos avaliar sozinhos. Somos produto daquilo que lemos, daquilo que já vimos e integrámos e temos a razão filha das escolhas que já nos fizeram e fomos fazendo. Tudo isto limita a nossa visão do real e sobretudo a interpretação que fazemos dele. “Muito e pouco” são conceitos dependentes da miséria se o objecto é dinheiro, mas também do sentido educado da posse ou dos sentimentos como ganância. Nós somos esta complexidade da aprendizagem e da educação, e porque somos tão subjectivamente dependentes devíamos ser imensamente tolerantes à possibilidade de estar errados, mas não tanto que nos impedisse de decidir.

Também as nossas ilusões do real ou da nossa importância no real (o que nos é externo) fazem o tamanho das desilusões, se falhamos. A minha ideia de um objecto criado por mim no mundo que me rodeia é absolutamente essencial à força com que depois o sou capaz de exibir e depende das minhas percepções e auto-estima. Mostro-te o produto da minha criatividade e depois a exposição coloca a nu a ilusão. É um momento explosivo para que muitos não estão preparados.

Por: Diogo Cabrita

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