Caros leitores, este mês gostaria de compartilhar convosco mais uma ideia simples, que na minha modesta opinião poderia trazer algo de positivo para o nosso concelho da Guarda.
O grande desafio que se coloca à Europa em geral, a Portugal e à Guarda sem exceção, é conseguir ser criativa ao ponto de reerguer uma economia moribunda face às desastrosas políticas de austeridade que têm imperado nesta Europa, dominada pela direita mais radical de que há memória.
Face à situação em que se encontra a economia global, no meu entender, a nossa saída é sermos criativos ao ponto de podermos apresentar produtos com um grande valor acrescentado.
Ora estes produtos, normalmente, são resultado de investigação que tem lugar em meio académico, mas que nem sempre conseguem acolher, junto do meio empresarial, a melhor receção! Outro obstáculo que frequentemente se deteta nestes processos é o registo das patentes. Vejamos, a Guarda é uma cidade com privilegiado contacto ao mundo universitário, o que facilita todo o processo. Além do nosso Instituto Politécnico e da Universidade da Beira Interior, que já vai sendo tempo que deixe de ser só da Covilhã e assuma de uma vez por todas a sua dimensão regional, as relações com as Universidades de Coimbra e Salamanca são históricas, bem conhecidas e têm ajudado a Guarda a afirmar-se. Aproveitando todas estas parcerias, a Guarda deveria ser capaz de aproveitar ainda mais o saber destas 4 boas instituições de ensino superior, deveria aproveitar melhor a investigação que nelas é feita para que com os empresários de cá e os que, não sendo de cá, aqui desejem instalar-se, se pudesse dinamizar a nossa economia.
Para podermos alcançar este objetivo o primeiro “alvo” devem ser as Instituições de Ensino e os Investigadores. Como? Em primeiro lugar, financiando bolsas de investigação, em áreas perfeitamente definidas, para projetos de interesse para o concelho do ponto de vista económico. Seria importante que o júri para a atribuição destas bolsas incluísse empresários e não só académicos, criando assim uma maior afetividade entre os empresários e os projetos a financiar. Assim como é fundamental criar algum mecanismo de proteção de modo a que os resultados destas investigações financiadas fique “afetado” à região.
Poderão estar a dizer, até agora só se falou de despesa, e proveitos nada. É verdade, mas não falemos em despesa, falemos em investimento.
O objetivo, como disse no início, é dinamizar a economia local, com essa dinamização pretende-se criar postos de trabalho e esse é o “lucro” que poderemos retirar deste processo.
O modo de alcançar esse “lucro” advém de dois fatores, o primeiro já o expliquei “financiar projetos de investigação que possam ter interesse para o concelho”, o outro fator tem a ver no modo como “fixar” o resultado dessas investigações ao nosso concelho. Nesse ponto surgem-me algumas ideias:
– Criar um mecanismo municipal de apoio financeiro ao às empresas e investigadores que queiram proceder ao registo da patente de novos produtos a serem produzidos na Guarda;
– Aos empresários que não estando instalados na Guarda, mas queiram aproveitar o resultado das investigações financiadas para aqui se instalarem, criar condições mais favoráveis à sua instalação, como seja o acesso a terrenos a preço reduzidos e outros benefícios a estudar.
É imperativo aumentar a Investigação e Desenvolvimentos nas nossas empresas, até mesmo (ou principalmente) nas Pequenas e Médias empresas, e é necessário a implementação de medidas públicas que permitam seguir este caminho.
Esta é só mais uma ideia que deixo para o meu concelho, sei que é ainda uma ideia num estado de maturação muito embrionário (tal como todas as outras que aqui tenho apresentado). Tenho um único objetivo com este conjunto de artigos, provocar. Provocar as pessoas a pensar nos temas que aqui trago. Provocar a nossa comunidade a discutir os nossos problemas. Provocar, até mesmo, a crítica, desde que seja bem-intencionada e um contributo para a discussão.
Por: Nuno Almeida
* Presidente da concelhia da Guarda do PS
