Esta minha quarta crónica do ano de 2013 não fugirá ao prometido, isto é, escrever ao longo deste ano somente sobre ideias que possam contribuir para o desenvolvimento da Guarda. Cumprirei com o prometido, mesmo que as tentações e a vontade de comentar o panorama político nacional e local sejam muitas.
Todos sabemos que o grande desafio que se nos coloca enquanto sociedade é a criação de emprego e a retoma económica. Invariavelmente caímos nesta conclusão, mas como o importante é encontrar saídas, foi com esse intuito que escrevi as anteriores 3 crónicas e é na mesma linha que esta vai, mudando somente os sectores de atuação.
Numa cidade e região como a nossa, o património pode e deve ser um “produto” a explorar, um “produto” a divulgar convenientemente, um “produto” que nos possa “vender” não só a nível nacional para também, ou até preferencialmente, a nível internacional.
Existem bons exemplos em Portugal de cidades e regiões que tem aproveitado que maneira exemplar o seu património histórico para criar postos de trabalho e dinamizar economias locais. Sintra e Guimarães são dois bons exemplos.
Sou daqueles que acha que a nossa Judiaria, a Sé, as Torres, os Solares e demais património, não têm sido devidamente divulgados para que a cidade e os seus cidadãos possam tirar proveito da sua existência no dia-a-dia.
Permitam-me que transcreva dois parágrafos de um documento da União Europeia:
“O património é igualmente pretexto para numerosas atividades turísticas. Muitas vezes, contudo, estas resumem-se à clássica visita ao castelo ou à igreja, sem animação ou valorização especiais. Pelo contrário, algumas iniciativas turísticas utilizam o património de qualquer maneira, mesmo as mais desapropriadas, desde que deem lucros: o património original é assim traído, desvirtuado.
Entre estes dois extremos, inúmeras realizações dedicam-se felizmente à proteção do património construído de carácter ou de outras riquezas patrimoniais, apresentando-as de uma maneira viva e honesta, criando empregos e rendimentos para a população local. Basta pensar nos numerosos eco museus franceses, na grande variedade das “country houses” e dos jardins de carácter geridos pelo National Trust britânico, ou ainda mais especificamente na localidade de Alberobello (Puglia, Itália) e no seu excecional conjunto de “trulli”, com coberturas cónicas de pedra.”
Poderão estar a perguntar “Mas afinal o que estará ele a propor? Como é que isto se faz?”, confesso que não tenho soluções milagrosas, mas a realidade é que se outros o têm conseguido não vejo por que razão não o possamos nós conseguir. A minha proposta, nesta fase é simples, constituam-se equipas especializadas para encontrarem o melhor caminho para uma efetiva “exploração” do nosso potencial turístico.
Miguel Unamuno escreveu “Quem não sente a ânsia de ser mais, não chegará a ser nada”. A ambição da Guarda é aquela que os Guardenses quiserem que seja. A Guarda, e ninguém melhor que os Guardenses, sabe o que quer e como o conseguir. Renovem-se as ambições, pense-se o futuro, descubram-se novos caminhos, envolvam-se cada vez mais os cidadãos na obtenção do nosso sucesso coletivo.
Por: Nuno Almeida
* Presidente da concelhia da Guarda do PS